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Linguagista

«Madrugueiro»?

Do galego

 

 

      «Dawn ships clouted aground». «Madrugueiros barcos retidos em terra». Nunca tinha lido ou ouvido o vocábulo. «Queria dizer: margueiro, madruguei, madrigueira, madrugueis?», pergunta, de novo solícito, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora em linha. O dicionário da Real Academia Galega não o regista, mas é termo galego. Sol madrugueironon dura o día enteiro.

 

[Texto 2206]

Léxico: «reptilíneo»

Não cabe nos dicionários?

 

 

      «A seu ver, não estaria ainda terminada a hominização do homem. Os três estádios da sua evolução — reptilíneo, mamífero e humano — coexistiriam nas várias partes do cérebro» (As Grades e o Rio, Urbano Tavares Rodrigues. Porto: Editorial Inova, 1974, p. 123).

      «Queria dizer: rectilíneo?», pergunta, solícito, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora em linha.

 

[Texto 2205]

Sobre «pub»

Pâbes ou tascas finas

 

 

      «Quando se fala de universitários e pubs, a primeira imagem que vem à cabeça não é a de grupos de estudantes a fazerem um inventário de todas as típicas public houses (casas públicas) de Londres para apresentar a sua candidatura a Património da Humanidade. Mas é isso que está a acontecer na Universidade de Kingston. Os alunos de Arquitetura uniram-se para mostrar à UNESCO as razões para a preservação destes pontos de encontro da sociedade britânica» («‘Pubs’ de Londres querem ser património da UNESCO», Susana Salvador, Diário de Notícias, 13.10.2012, p. 47).

      Prossegue a bom ritmo o objectivo de tornar os portugueses fluentes na língua inglesa. Casas públicas... A definição de pub mais curiosa é a do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: «Estabelecimento onde se servem bebidas alcoolizadas, especialmente na Grã-Bretanha, e que entretanto começou a vulgarizar-se em Portugal.» A única indefinição é sobre este «entretanto».

 

[Texto 2204] 

Léxico: «estufeiro»

Não só nem principalmente

 

 

      «“Há uma nova geração que surge com esta coisa maravilhosa que foi a democracia em Portugal. Que saíram para estudar e voltaram.” Aos 46 anos, José Carlos Frias parece falar como se tivesse muito mais – mas porque, apenas, viu mudar radicalmente a sua terra. Filho de um estufeiro sindicalista da Fajã de Baixo, São Miguel (a terra de Natália Correia) – “Era uma profissão muito nobre aqui nos Açores, a de quem cuida da produção do ananás desde o cultivo da planta até o ver crescer”» («Bom tempo no canal», Fernanda Câncio, Diário de Notícias, 14.10.2012, p. 27).

      Quase todos os dicionários afiançam que estufeiro é o que faz estufas. O que me parece, e as palavras de José Carlos Frias comprovam, é que nem todos os estufeiros fazem estufas: alguns, talvez a maioria, trabalham nas estufas. Para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, também é aquele que faz estufas. Contudo, no Dicionário de Português-Inglês da Porto Editora, o termo inglês correspondente a «estufeiro» é greenhouse keeper — que não é quem faz estufas. Mais perto da verdade anda o Dicionário Houaiss, que define como estufeiro o indivíduo que se ocupa de estufas. Semear, plantar, mondar, sachar, regar, colher... Também comprovei que todos os dicionários ignoram os leiveiros...

 

[Texto 2203]