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Linguagista

Sobre «amiguismo»

Agora sim

 

 

      «Ou seja, [Alberto da Ponte] contrata sem fazer concurso, sem cuidar da existência de outras empresas que fizessem o mesmo trabalho por um preço mais baixo. Erro: não se escapou de acusações de amiguismo por parte da Comissão de Trabalhadores da empresa que agora dirige» («Falsa partida», Nuno Azinheira, Diário de Notícias, 22.10.2012, p. 52).

      Há dois anos, eu escrevia aqui que, se quiséssemos mesmo ler uma definição do vocábulo «amiguismo», tínhamos de consultar um dicionário espanhol. Agora já não é assim, pois o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista-o: «preferência dada a alguém que tem poder a familiares ou amigos, independentemente do seu mérito pessoal; favoritismo».

 

[Texto 2239]

«Copeque», mas já foi «copeca»

Contou o Pápotchka

 

 

      Numa loja, duas senhoras conversavam esta manhã: «O arroz-doce ainda está em promoção, e por isso continua a não haver.» Fez-me lembrar aquela anedota do preço dos ovos na antiga União Soviética. Uma senhora entra numa loja e pergunta o preço dos ovos. O merceeiro responde-lhe que estão a 30 copeques a dúzia. «Ali na loja em frente estão a 26!» «Então porque não vai lá comprá-los?» «Não têm, estão esgotados.» «Pois então, quando eu não tiver, também os vendo a esse preço.»

      Em português, a centésima parte do rublo já se escreveu «copeca», que é a forma ainda hoje usada em castelhano.

 

[Texto 2238]

Símbolos de unidades de medida

Está na hora

 

 

      «O paraquedista caiu de bruços em terra batida perto de uma ruína e à velocidade calculada de mais de 300 kms./hora. O salto previa uma queda livre durante 20 ou 30 segundos, a que se seguiria a abertura do paraquedas» («Paraquedista inglês morto era um praticante experiente», José Manuel Oliveira, Diário de Notícias, 22.10.2012, p. 20).

      O jornalista não terá nunca tido notícia de que os símbolos técnicos não têm plural nem são seguidos de ponto abreviativo?

 

[Texto 2237]

A língua no dia-a-dia

2280 sem IVA

 

 

      Um «comercial» da oficina de caixilharia de alumínio veio aqui ao prédio tomar as medidas para uma porta nova com as caixas de correio para fora. Quase um executivo. Com iPhone. Instantes depois, já me estava a entregar a declaração de conformidade, o título de registo da empresa e o orçamento, no qual se lê que são «22 caixas do correio formato A4 omolgadas pelos C. T. T.». Não lhe será adjudicado o trabalho, não por ter amolgado a ortografia, mas porque já tenho um orçamento que se fica pelos 1900 euros.

 

[Texto 2236]