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Linguagista

«Em linha»

Do economês

 

 

      Imaginemos esta frase: «Os dados, em linha com outras estimativas independentes, exibem um retrato dramático do estado das empresas gregas.» Isto não é economês puro? (Ah, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não acolhe o termo «economês»...) Se alguém do século XIX, para não recuarmos mais, ressucitasse, entenderia o que significa? Será, por outras palavras, «em sintonia»?

 

[Texto 2243]

«Casamansa»

Eu lembro-me

 

 

      «O MNE da Guiné, Faustino Fuduti Imbali, disse entretanto que a ação dos homens vindos de Casamança não visava só atacar os Paracomandos, mas também as residências dos membros do Governo e das chefias militares para provar que as tropas dos países da Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO) não estão a fazer nada em Bissau e que é necessário a ONU autorizar a vinda das tropas da CPLP, fazendo regressar o contingente militar angolano que fora expulso de Bissau» («Bissau acusa Portugal por ataque a quartel», António Nhaga, Diário de Notícias, 23.10.2012, p. 24).

      Mas não escreviam «Casamansa»? Escreviam pois, que eu lembro-me: «Aquele local — próximo da vila de São Domingos, no Noroeste da Guiné-Bissau e junto à fronteira com o Senegal — está cercado há vários dias pelas forças militares de Bissau» («Bombas contra os rebeldes de Casamansa», Manuel Carlos Freire, Diário de Notícias, 14.4.2006, p. 14). Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves, é Casamansa que regista, na página 223.

 

[Texto 2242]

«Homicídio por negligência»

Negligência, sim

 

 

      «O processo aos cientistas acusados de homicídio na sequência do terramoto ocorrido em 2009 na cidade de Áquila, em Itália, que matou 309 pessoas, conheceu ontem o veredicto. Os seis cientistas italianos e um ex-oficial do Governo foram acusados de “negligência e imprudência” por não terem fornecido com exatidão dados sobre o terramoto, de 6,3 de magnitude, que provocou a morte de várias pessoas. O tribunal regional onde estavam a ser julgados condenou-os a seis anos de prisão por “homicídio por imprudência”, avançou a AFP. Em protesto, o advogado de um dos acusados, Alfredo Biondi, disse que “não se pode julgar a ciência”» («Cientistas condenados por terramoto», Diário de Notícias, 23.10.2012, p. 27).

      A imprensa italiana fala em omicidio colposo (na verdade, omicidio colposo plurimo e lesioni colpose), que se poderá traduzir por homicídio por negligência. Hoje de manhã, no Bom Dia Portugal, o jornalista João Tomé de Carvalho foi nestes termos que se exprimiu. E será mesmo um «ex-oficial do Governo», como também este jornalista disse, ou «responsável governamental»?

 

[Texto 2241]

«Crise dos mísseis»

Importante, mas

 

 

      «No seu texto, Fidel aproveita ainda para lembrar a Crise dos Mísseis, de há 50 anos. “Cuba não teve nada a [sic] ver com a arma nuclear”, escreve, acrescentando que a conduta da ilha foi “eticamente inatacável”. Lembrando que só aceitou a ajuda russa para se defender dos planos dos norte-americanos de invadir Cuba, Fidel conclui: “Nunca pediremos desculpa a ninguém pelo que fizemos. A verdade é que já passou meio século e continuamos aqui, de cabeça erguida.”» («Fidel: “Nem me lembro o que é uma dor de cabeça”», Susana Salvador, Diário de Notícias, 23.10.2012, p. 26).

      Será que a expressão realçada a amarelo merece as maiúsculas iniciais? Não me parece — nem nunca antes tinha visto.

 

[Texto 2240]