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Linguagista

Como se escreve nos jornais

Haja saúde

 

 

      «Por razões de saúde, Francisco José Viegas prepara-se para deixar nos próximos dias o cargo de secretário de Estado da Saúde. Segundo noticiou ontem a edição online do Expresso, citando um assessor de imprensa do governante, a sua substituição terá lugar na próxima semana» («Viegas deixa Secretaria de Estado», Diário de Notícias, 25.10.2012, p. 12). Erro de simpatia, claro, mas antipático para nós, leitores. Mas não revêem mesmo nada, nenhum texto?

 

[Texto 2247]

«Sarjeta/sumidouro»

Senhores ladrões

 

 

      «Uma, duas, três, quatro. No espaço de 500 metros, treze sarjetas sem tampa. [...] A história passa-se na Avenida Rio de Janeiro, em plena capital portuguesa» (jornalista Sandra Claudino, no Telejornal de ontem). Contudo, o que aparece nas imagens é o que eu conheço por sumidouros. Sim, um sumidouro é uma sarjeta; uma sarjeta é que não é um sumidouro. Este é a sarjeta cuja boca se ajusta à superfície a drenar, o que confirmo no Vocabulário de Estradas e Aeródromos, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, publicado em 1962.

      Os senhores ladrões, como diz a outra, ao que parece vendem cada grade aos sucateiros por cerca de 3,5 euros, ou seja, a 19 cêntimos o quilo, porque têm cerca de 20 quilos. Se só não conseguem furtar as que estão presas com dobradiças, porque não são paulatinamente substituídas por grades com estas características?

 

[Texto 2246]

«Ilharga da cama»

Levo o aparador Henrique II

 


      À ilharga de no sentido de ao lado, ao pé já eu conhecia. «Fazia o mesmo no guarda-roupa; e, fechadas as portas e janellas, se deitava com uma espada ou montante á ilharga da cama» (Memoria Historica da Villa de Barcellos, Barcelinhos e Villa Nova de Famalicão, Domingos Joaquim Pereira. Viana: Tipografia de André J. Pereira & Filho, 1864, p. 30). Ontem, contudo, o antiquário referiu-se à barra da cama dessa forma. «Um recadinho, vinha por um recadinho, um pedido. Acabou por entrar, encostou-se à barra da cama que era de ferro» (Nocturno em Macau, Maria Ondina Braga. Lisboa: Editorial Caminho, 1991, p. 12). No Brasil, ao que parece, ao lado oposto à cabeceira dão o nome, que não vejo dicionarizado, de peseira.

 

[Texto 2245]