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Linguagista

Sobre «equalizar»

Relações contratuais

 

 

      O autor escreveu que as alterações do Código do Trabalho se revelam estéreis no objectivo de equalizar as relações contratuais. Não seria melhor escrever «tornar iguais» ou «igualar»? É que, se se consultar apenas o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, «equalizar» é «tornar uniforme; uniformizar».

 

[Texto 2400]

«Zona do euro»

Já é tradição...

 

 

      Já muitas vezes tinha pensado que a expressão «Zona Euro» é pouco portuguesa. Hoje, voltei a pensar no assunto, agora a propósito da menos (ao que me parece) usada «área euro». Já aqui há matéria de reflexão: se a primeira é a maioria das vezes grafada com maiúsculas iniciais, a segunda é sempre grafada com minúsculas. Porquê a diferença de tratamento? O guia de estilo do Centro de Informação Europeia Jacques Delors recomenda que se use a expressão «área do euro» para designar o conjunto de países que têm a moeda única. O Código Interinstitucional, a propósito de «área do euro», nota: «De observar, porém, que a expressão mais comummente usada em Portugal é “zona euro” ou “zona do euro”.»

 

[Texto 2398]

Léxico: «escudete»

Malandrim setecentista

 

 

      O antiquário garantiu-me que a cómoda-toucador com tampo de rebater era seguramente do século XVIII e que a madeira era vinhático. «Já reparou nos belíssimos escudetos e nos puxadores de pau-santo?» Século XVIII... Malandrim. E também não se diz escudeto, mas escudete. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «peça exterior, de metal ou de madeira, que ornamenta a fechadura de um móvel; espelho».

 

[Texto 2397] 

«Babygro», de novo

Na pronúncia, sim, /ˈbeɪbɪgrəʊ/

 

 

      «Cristina Lima e Filipa Pinto, ambas designers, deixaram os seus empregos para criar uma marca de roupa para bebés, onde há babygrows com padrão de pele de vaca e vestidos amarelo fluorescente [sic]» («Presentes únicos e baratos é o que todos querem», Maria João Caetano, Diário de Notícias, 3.12.2012, p. 46).

      Ora, já vimos aqui que os dicionários registam «babygro». A explicação para o erro pode estar na etimologia e na própria pronúncia do vocábulo.

 

[Texto 2396]

Como se escreve nos jornais

De alpercata

 

 

      «Os dedos de Guida Fonseca deslizam sobre o fio de alparca, os pés dançam levemente sobre os pedais. Uma pequena multidão junta-se em volta da roda de fiar. “Parece fácil, não é? Mas não é. Querem experimentar?” Ninguém se atreve» («Presentes únicos e baratos é o que todos querem», Maria João Caetano, Diário de Notícias, 3.12.2012, p. 46).

      A jornalista, porém, atreveu-se a escrever sem consultar um dicionário. Mesmo que possa jurar ter ouvido «alparca», tinha obrigação de confirmar. Alparca é o calçado que se prende ao pé com tiras de couro. Devia ter escrito alpaca: neste caso, seria a lã do animal ruminante da família dos Camelídeos, da América do Sul.

 

[Texto 2395]

Sobre «formato»

Quem sabe

 

 

      «Entre os formatos que deverão prosseguir e os novos conteúdos para a RTP2 a partir de janeiro, os vínculos ainda não terão sido celebrados» («Contratos parados à espera de modelo», Carla Bernardino, Diário de Notícias, 3.12.2012, p. 51).

      O verbete do vocábulo «formato» no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista cinco acepções, mas não esta, que vem, ora pois claro, do inglês: «general plan of organization, arrangement, or choice of material (as for a television show)» (in Merriam Webster). Deve ou não estar nos dicionários? No Houaiss está: «género, característica, organização (p. ex., para um programa de TV)».

 

[Texto 2394]