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Linguagista

«Nanny state»

Foi por pouco

 

 

      E a propósito da ama (nanny) McPhee: ainda soube antes do fim do mundo (que, ao que parece, não foi ao meio-dia) que em inglês Estado-Providência se diz nanny state.

      Leio no Cambridge Advanced Learner’s Dictionary que nanny state é «a government which tries to give too much advice or make too many laws about how people should live their lives, especially about eating, smoking or drinking alcohol».

 

[Texto 2424]

Como se fala na televisão

Perdeu uma letra

 

 

      Jornalista Carla Trafaria no Bom Dia Portugal: «Um tribunal da Guatemala mandou libertar o criador de um antivírus informático que estava preso desde a semana passada. O juiz disse que o empresário norte-americano foi detido de forma ilegal. John McFee tem agora dez dias para obter um visto temporário que lhe permita regularizar a estadia na Guatemala ou viajar. McFee, que é procurado pela justiça do Belize devido a um homicídio, já disse que quer ir para os Estados Unidos.»

      Não estaria a jornalista a pensar na ama McPhee, uma vez que a quadra natalícia está tão próxima? De qualquer maneira, já a ouvimos dizer coisas piores, como isto: «Boa merda que eu acabei de fazer.» Ouçam aqui.

 

[Texto 2423]

 

Desgraçadíssimo verbo «manter»

O ilustre tribuno

 

 

      Deputado social-democrata Nuno Serra: «Eu acho que a questão e a intenção não era que mantêssemos uniformes os preços, era abrir o mercado.» Senhor Engenheiro, é «mantivéssemos» que se diz. O verbo «manter» deriva do verbo «ter». Logo, o pretérito imperfeito do conjuntivo é mantivesse, mantivesses, mantivesse, mantivéssemos, mantivésseis, mantivessem.

 

[Texto 2422]

«Germanocêntrico e hospitalocêntrico»

Dois no mesmo dia

 

 

      «“Monti seguiu uma política demasiado germanocêntrica. Todos os indicadores económicos pioraram, todos os dados são negativos. Ele criou uma crise bem pior do que quando estávamos no Governo”, afirmou Berlusconi em declarações ao Canale 5, que faz parte do seu grupo de comunicação» («“Monti seguiu política germanocêntrica”», Catarina Reis da Fonseca, Diário de Notícias, 12.12.2012, p. 24).

      É a segunda vez que, hoje, deparo com qualquer coisa –cêntrica. No noticiário das 3 da tarde na Antena 1, ouvi o ministro da Saúde, Paulo Macedo, a afirmar que «temos um sistema hospitalocêntrico».

 

[Texto 2421]

Il Cavaliere, Il Cavaliere, Il Cavaliere...

Vai escrever 100 vezes

 

 

      «Três dias depois de ter anunciado que pretende candidatar-se às próximas legislativas em Itália, Silvio Berlusconi deu ontem o primeiro passo para tentar reconquistar os italianos. Il Cavalieri, que é conhecido pelas suas declarações polémicas, concedeu uma entrevista em que culpa Mario Monti, primeiro-ministro demissionário, pelo “agravamento” da situação económica no país, acusando-o de ter acatado demasiado as diretivas de Berlim» («“Monti seguiu política germanocêntrica”», Catarina Reis da Fonseca, Diário de Notícias, 12.12.2012, p. 24).

      Sim, já tínhamos visto este erro. Enquanto não chegar ao conhecimento de todos os jornalistas, pelo menos que alguém informe Catarina Reis da Fonseca de que se diz Il Cavaliere. 

 

[Texto 2420]

«Litigância», de novo

Aguardemos

 

 

      «Em declarações ao DN, Francisco Louçã considera que esta é uma matéria de “direito de opinião”, acusando Paulo Teixeira Pinto de “achar que pode usar os tribunais para uma litigância política”» («Louçã acusa Teixeira Pinto de “litigância política”, Diário de Notícias, 12.12.2012, p. 13).

      O Departamento de Dicionários da Porto Editora, apesar da sugestão que fiz no dia 4 do corrente, continua sem registar o termo «litigância», usado todos os dias de norte a sul do País. Estamos bem entroikados.

 

[Texto 2419]

Desgraçadíssimo verbo «haver»

É o fim do mundo

 

 

      Apesar do prometido fim do mundo anunciado para hoje (a que horas?), continua tudo mais ou menos na mesma. Os erros crassos com o verbo «haver», por exemplo: «Chegavam a haver professores em regime noturno, onde cada hora contava por hora e meia, a dar oito horas de aula semanais e a receber por horários completos» (Jorge Pedreira, ex-secretário de Estado adjunto e da Educação, em entrevista ao Diário de Notícias, 12.12.2012, p. 5).

      Doze anos de escolaridade não chegam. Aponte aí, senhor ex-secretário de Estado adjunto e da Educação: quando o verbo «haver» exprime existência e vem acompanhado de auxiliares, a locução continua a ser impessoal. «Aos fins-de-semana gosta de acordar com o bulício das garotinhas (chegou a haver 13 em São Bento) a rirem, a tagarelarem» (Máscaras de Salazar, Fernando Dacosta. Lisboa: Casa das Letras, 2010,  p. 51).

 

[Texto 2418]