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Linguagista

Tradução: «minable»

Esquecem-se, é isso

 

 

      «Catherine Deneuve, que já contracenou com Depardieu em O Último Metro, em 1980, ou Potiche – Minha Rica Mulherzinha, de 2010, atacou também o Governo, cujo primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, classificou a decisão de Depardieu de “depreciável”. Para a atriz os adjetivos utilizados “não são dignos de membros ligados ao Estado”. Também Brigitte Bardot veio defender o ator, chamando a atenção para a sua importância e contribuição para o cinema e a cultura francesas» («Catherine Deneuve defende amigo Depardieu na ‘fuga’ para a Bélgica», Tiago Henriques, Diário de Notícias, 22.12.2012, p. 45).

      Não tínhamos já visto que o adjectivo era só um, minable, e que se traduz por «miserável», «deplorável»? Vimos aqui.

 

[Texto 2454] 

Como se escreve nos jornais

Do senhor provedor

 

 

      «Comecei por escrever à mão, com letra o mais clara possível, para que um tipógrafo “batesse” o texto na sua formidável e saudosa Linotype – do inglês line of types, linha de caracteres – que, a cada toque numa tecla, movia uma garra que buscava o molde de uma letra e juntava-o aos restantes, formando palavras e linhas. O chumbo, que ia derretendo de uma barra suspensa nas traseiras da máquina, haveria de ser vertido sobre os moldes e formar os blocos de texto que mais tarde seriam prensados sobre um cartão grosso, juntamente com títulos e imagens, para novo banho de chumbo numa forma cilíndrica. [...] Era também obrigação dar o background – os antecedentes – de uma história, na própria notícia, de modo a que o leitor que não tivesse lido a anterior não se sentisse posto à margem. [...] A regra do background tem a ver com o facto de um jornal, em especial na edição em papel, ser efémero, isto é, durar um dia» («Podem aproveitar-se mais as potencialidades criadas pela evolução tecnológica», Oscar Mascarenhas, Diário de Notícias, 22.12.2012, p. 47).

 

[Texto 2453]

Ortografia: «calazar»

Saibam todos quantos

 

 

      «A alimentação era de péssima qualidade e a fome, e doenças associadas com as carências alimentares, como o raquitismo, eram comuns. A tuberculose era generalizada, e o alcoolismo um flagelo social. Eram igualmente comuns os traços da varíola, da poliomielite, e em certas zonas do país havia malária e kala-azar» («Viagem ao passado por causa do presente», José Pacheco Pereira, Público, 22.12.2012, p. 44).

      Como o vocábulo vem do hindustâni, Pacheco Pereira quis dar-lhe uma feição ainda mais exótica. Saiba o historiador que em português se escreve calazar.

 

[Texto 2452]

«Carne verde»

Talvez devesse estar

 

 

      «No final do século XIX, princípio do século XX, o incipiente operariado português concentrava-se em poucas fábricas dignas desse nome no Norte do país, em particular no Porto, e numa multidão de pequenas oficinas em Lisboa e Setúbal e nas principais cidades do país. Eram operários e operárias, tabaqueiros, têxteis, soldadores, conserveiros, corticeiros, mineiros, padeiros, alfaiates, costureiras, cinzeladores, cortadores de carnes verdes, carpinteiros, fragateiros, estivadores, carregadores, carrejonas no Porto, carvoeiros, costureiras, douradores, etc., etc.» («Viagem ao passado por causa do presente», José Pacheco Pereira, Público, 22.12.2012, p. 44).

      Naturalmente que os dicionários não podem registar todos os termos e expressões da língua, mas as que vão aparecendo nos meios de comunicação não deviam lá faltar. Carne verde é o nome que se dá à carne de animais abatidos na véspera do consumo, sem qualquer conservação.

 

[Texto 2451]