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Linguagista

O caso do ano

O valor da eloquência

 

 

      Por uma vez, concordo com Pedro Lomba: «É verdadeiramente absurdo que SIC, TSF e Expresso pensem em processar Artur Baptista da Silva. Se o fizerem, não deveremos nós processar também a SIC, a TSF e o Expresso?» («Teoria Geral de Baptista da Silva», Pedro Lomba, Público, 27.12.2012, p. 40).

      Ao que parece, a palavra ainda tem um peso determinante, pois o presidente do International Club de Portugal, Manuel Ramalho, veio admitir, ingenuamente, que «nunca quis acreditar que uma pessoa com tão bom aspecto, tão eloquente, estivesse na disposição de se fazer passar por aquilo que não era, ainda por cima num acto que iria ter tanta visibilidade pública». Num artigo da edição de hoje do Público, Bárbara Reis e Ana Henriques também escreveram – à sua maneira, com erros – que Baptista da Silva é um «homem bem falante» («Mesmo depois de descoberto como impostor, “observador da ONU” ainda desperta simpatias», Bárbara Reis e Ana Henriques, Público, 27.12.2012, p. 6).

 

[Texto 2465] 

Léxico: «bovarismo»

Da literatura para a vida

 

 

      «“A sociedade procura ardentemente um guia, um raio de luz”, teoriza o psicossociólogo [Luís Rodrigues]. E não é raro que quem vai tão longe na mentira acabe por ficar convencido do que inventou. O fenómeno até tem um nome, diz o especialista: bovarismo. Acontece quando a pessoa tenta escapar à sua condição adoptando uma personalidade idealizada, como o fez Madame Bovary, a personagem de Flaubert» («Mesmo depois de descoberto como impostor, “observador da ONU” ainda desperta simpatias», Bárbara Reis e Ana Henriques, Público, 27.12.2012, p. 6).

      Até está nos dicionários, como o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «estado de espírito mediante o qual um indivíduo faz de si mesmo e da sua condição uma ideia falsa, como sucede com Emma Bovary, personagem principal do romance Madame Bovary, do escritor G. Flaubert, 1821-1880».

 

[Texto 2464]