Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Tradução: «fact-checker»

Mas muito mais

 

 

      «Tanto mais que o jornal médio português — por causa da crise, dos despedimentos e de maus costumes — não emprega fact-checkers. Nada impede o primeiro maluco — desde que seja baixo, gordinho e ligeiramente careca — de meter a mão no colete e se apresentar num “órgão de referência”, declarando que é Sua Majestade, Imperador dos Franceses, Rei de Itália e Protector da Confederação do Reno» («Os regimes caem assim», Vasco Pulido Valente, Público, 28.12.2012, p. 56).

      Só um intelectual mais extraordinário do que Vasco Pulido Valente é que encontraria um termo equivalente em português, língua deste malfadado país onde ele teve a desdita de ter nascido.

 

[Texto 2467]

Sobre «aciaria»

E «centro de trabalho»

 

 

      «No campo das artes, foi criado o National Centre for the Performing Arts, que impulsionou a investigação e a difusão desses saberes. Todos os centros de trabalho do grupo — fábricas, aciarias, etc. — têm um ambiente de segurança exemplar no trabalho, mormente nas suas implicações com a saúde» («Há algo a aprender com Ratan Tata?», Eugénio Viassa Monteiro, Público, 28.12.2012, p. 53).

      O Dicionário Houaiss regista «aciaria» (e «aceria»), que nunca antes li em nenhum texto português. «Unidade em usina siderúrgica onde o ferro-gusa é convertido em aço; aceria», é o que se lê no respectivo verbete. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhe termos semelhantes, mas não aqueles: «aceiraria» e «aceraria» — «estabelecimento de artefactos de aço ou ferro». Não provirá tudo do castelhano acería e acerería? «Siderurgia» não dirá o mesmo? Mas esperem... Este dicionário afirma que siderurgia é o «conjunto das técnicas empregadas para extrair o ferro dos seus minérios e trabalhá-lo com vista às diferentes aplicações». É? Não aqui: «Por exemplo, o aço é um produto final numa siderurgia, matéria-prima numa metalomecânica, mercadoria/artigo numa compra, venda ou em transporte e um bem no sentido de posse (propriedade)» (Logística: Conceitos e Tendências, Benjamim Moura. V. N. Famalicão: Centro Atlântico, 2008, p. 317).

      E «centro de trabalho» não é também locução — centro de trabajo — traduzida do castelhano?

 

[Texto 2466]