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Linguagista

Léxico: «porcionista»

Não é todos os dias

 

 

      Ontem, ouvi pela primeira vez, dita por um tenente-coronel na reforma, uma palavra: porcionista. Conheciam? Espantosamente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhe-a: «aluno que paga a sua educação e sustento num colégio». Estará certa a definição? Hum... Parece o contrário do que se lê em Bluteau, que é «o estudante a que se dá sustento no colégio em que assiste, como v.g. os Porcionistas dos Colégios de S. Pedro e S. Paulo em Coimbra».

 

[Texto 2477]

Sobre «robe»

De chambre

 

 

      «“Hoje é o dia em que finalmente me torno a senhora Hefner. Não podia sentir-me mais feliz, afortunada e abençoada”, escreveu a noiva [Crystal Harris] no Twitter, onde publicou uma fotografia com o seu “vestido de sereia” em tons rosa. Hugh Hefner trocou o seu habitual robe e envergou um smoking para o seu terceiro casamento» («Novo ano, casamento novo», Público, 2.01.2013, p. 31).

      Aos ricos, tudo é permitido — ou era, porque a impunidade, afirmou a ministra da Justiça, acabou. De roupão, como eu também um dia vi uma figura famosa em pleno Saldanha. Ah, sim, raramente a língua me trai a dizer «robe». Por nada de especial, excepto por ser galicismo desnecessário.

 

[Texto 2476]

Léxico: «raspadinha»

Sem surpresa

 

 

      «Mais de 20% das receitas dos jogos sociais explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) são já proporcionadas pela lotaria instantânea, mais conhecida por “raspadinha”. [...] No caso da “raspadinha”, o seu sucesso está relacionado com alterações ao jogo, como os prémios mais substanciais (o que por sua vez implica apostas de valor mais elevado), como o “super pé-de-meia”, que podem chegar a 2000 euros por mês durante 12 anos. A “raspadinha” já é, aliás, a segunda maior fonte de receitas, tendo ultrapassado o Totoloto» («Santa Casa fecha 2012 com maiores receitas de sempre nos jogos sociais», Luís Villalobos, Público, 2.01.2013, p. 14).

      Sem aspas é que os jornalistas não podem passar. O nosso melhor cronista também gosta muito das aspas. Raspadinha já está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «jogo de azar em que se raspa o revestimento de um cartão para descobrir se se tem algum prémio». E lá anda o «super» pendurado no ar. Por fim, «jogos sociais» também é, sem surpresa, ignorado de todos os dicionários.

 

[Texto 2475] 

«Tiborna/tibórnia»

É uma delícia, isso sim

 

 

      «Termina hoje a mostra gastronómica do Fundão, “Aqui Come-se Bem – Tibórnia 2012”, que reúne 15 restaurantes da região» («Gastronomia no Fundão», José Carlos Marques, revista «Domingo», Correio da Manhã, n.º 12 551, p. 64).

      Creio que apenas conhecia «tiborna», mas parece que é o mesmo. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, estranhamente, não regista nenhum dos vocábulos, quando já estava em Morais: «pão quente embebido em azeite novo para se comer». E está na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (vol. 31, p. 619): «Pão quente embebido em azeite que os lagareiros costumam comer depois de findos os seus trabalhos.»

 

[Texto 2474]

Plural de «xis»

Dois xis, se faz favor

 

 

      Ontem, na Antena 1, na reposição do programa Especial Música de 2012, João Gobern disse que o nome da banda inglesa The XX se escrevia com «dois xises». «Dois “xises”. Muito bem, João», afirmou, quase eufórico, António Macedo. Mas não: muito mal, João Gobern, muito mal, António Macedo. O vocábulo xis é invariável, serve para o singular e para o plural: um xis, dois xis.

 

[Texto 2473]