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Linguagista

Quando não existia a nefanda

Agora seria impossível

 

 

      «Por esta armadura mais de cavaleiro do que de peão, e pelas maneiras com que era tratado pelos outros, via-se bem que aquêle homem era o cabeça dos demais» (A Última Dona de S. Nicolau, Arnaldo Gama. Porto: Casa Editora de A. Figueirinhas, Lda., 1937, p. 47).

      Se fosse um romance actual, escrito no nosso tempo, aquele homem só podia ser... líder! Já não há chefes, nem cabecilhas, nem cabeças, nem principais.

 

[Texto 2517]

Léxico: «ichacorvos»

Este também ninguém o vê

 

 

      É em vão que procuramos nos dicionários recentes da língua portuguesa o vocábulo «ichacorvos» ou «echacorvos». Vem directamente do castelhano, echacuervos, como bem se vê. O Aulete, que não rejeitou tudo o que é antigo, conserva-o: «leigo que os prelados autorizavam a pregar pelas praças públicas, para colher esmolas». E também «impostor, embusteiro», mas é na primeira acepção que o vemos empregado neste passo de Arnaldo Gama: «Depois seguiu-se o tirilintar das espadas e das achas de armas sôbre o gibanete do ichacorvos, e o martelar da bisarma dêle sôbre os escudos e sôbre os bacinetes dos contrários» (A Última Dona de S. Nicolau, Arnaldo Gama. Porto: Casa Editora de A. Figueirinhas, Lda., 1937, p. 50). Ah, sim, «tirilintar» também se sumiu dos dicionários. Vá lá, ainda conservam «terlintar» a par de «tilintar».

 

[Texto 2516]

«Quando muito», de novo

E por falar em erros

 

 

      É uma notícia de ontem: a pró-reitora da Universidade de Lisboa, Luísa Cerdeira, detectou erros no relatório do Fundo Monetário Internacional: «Por outro lado, por exemplo, naquilo que fala em relação à despesa do ensino superior, devem-se ter enganado, porque foi um trabalho à pressa, provavelmente, e fala de 1,6 mil milhões da despesa do ensino universitário público. É errado. Quanto muito, aquilo será o ensino superior: universidades e politécnicos.»

      Se até o cronista que abomina os indígenas se engana, quanto mais uma simples indígena, ainda que pró-reitora. É, já o vimos bastas vezes, quando muito que se diz, isto é, no máximose tanto.

 

[Texto 2515]