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Linguagista

Duisburgo

Uma gota para esse oceano

 

 

      É verdade: em todo o lado se lê que a iniciativa («evento», como agora toda a gente diz) «Língua Portuguesa: um oceano de culturas» se está a realizar em Duisburg (ou em Duisberg, também já li).

      Escrevo sempre como Rodrigues Lapa: «Convém ainda estabelecer uma outra diferença, não isenta de significado: o malogrado musicólogo alemão Hans Spanke, ao qual nos ligou durante anos uma simpática camaradagem intelectual, vítma de um dos bombardeamentos de Duisburgo, sua cidade natal, insistia em dizer que os seus estudos não se baseavam propriamente na música oficial da Igreja, mas em textos de musica pia non liturgica» (Miscelânea de Língua e Literatura Portuguesa Medieval, Manuel Rodrigues Lapa. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1982, pp. 7-8).

 

[Texto 2531]

Léxico: «corporatura»

Já era

 

 

      Aqui a minha autora diz, em relação a dois mendigos, que um deles tem uma «estatura mais robusta». Encontrei em Arnaldo Gama a palavra certa, mas entretanto de todos esquecida: «Álvaro era um belo moço de trinta anos de idade, de aspecto formosamente varonil e de galharda e bem posta corporatura, possuía fôrças superiores às do ichacorvos, era corajoso como um leão, e generoso e altivo como o melhor cavaleiro dos da Távola redonda» (A Última Dona de S. Nicolau, Arnaldo Gama. Porto: Casa Editora de A. Figueirinhas, Lda., 1937, pp. 51-52).

 

[Texto 2530]

 

«Ovo», uma acepção

Para escapar ao francês

 

 

      «Outras vezes, finge-se que os bebés estão em cena, mas há apenas um berço ou um ovo vazio.» Na semana passada, quem consultasse o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não encontrava esta acepção. Na quinta-feira passada, fiz a sugestão ao Departamento de Dicionários, e hoje vejo que já a registaram: «cadeira para transportar um bebé desde o nascimento até atingir cerca de dez, ou no máximo treze, quilos de peso; coque». E eu nunca tinha ouvido falar em «coque» nesta acepção, mas é uma má troca, pois vem do francês (marca comercial?) babycoque ou baby coque.

 

[Texto 2529]

Como se fala por aí

FEDER


      Tantos sistemas de segurança, «redundantes», dizem os especialistas, mas afinal os comboios continuam a chocar uns contra os outros. Desta vez, em Alfarelos. Um dos passageiros disse ontem no Telejornal o que sentiu: «uma trepilação enorme; quando dou por ela, estou com a cabeça quase debaixo do banco». Talvez haja pior. Conheço uma professora de Português já aposentada que diz, vezes seguidas e com toda a certeza do mundo, que isto e aquilo está a «fedar». Pobres alunos...

 

[Texto 2528]

Como se fala por aí

A res

 

 

      Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), na Antena 1, hoje: «Nós, militares, estamos ao serviço do povo português, não podemos ser tratados com esta menorização, como se não houvesse no seio dos militares a capacidade de gerir a sua própria coisa.» Um vizinho meu também está sempre, a propósito e a despropósito, a falar na coisa. No caso, é outra coisa. Pior ainda, só o comentador político Luís Delgado, que recorre com uma frequência desusada, e antes nunca ouvida nos meios de comunicação, a «coiso». Como também diz «não sei quê, não sei que mais», «frito e cozido», etc.

 

[Texto 2527]