Devia estar
«Abebe Selassie é o escurinho, como o outro da troika é o careca e nem sei a qual dos dois branquelas me refiro, confundo-os (daí a escolha do sindicalista em especificar Selassie, o mais nítido dos três)» («Sei lá se é racismo? Sei, não é!», Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 29.01.2013, p. 56).
Com tantos termos pejorativos e ofensivos nos dicionários, este não está dicionarizado. Não está, por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.
«Cercados por grades, pelo medo, cercados pela espera, para todos os lados dos poucos lados para onde nos podemos virar, merda pelos cantos que ninguém limpou, um cheiro constante eterno, mijo, suor que já não se lava, passos nos corredores, quem vem lá, basta ouvir um portão abrir e logo quem vem lá, sempre a mesma pergunta, todos os dias, todos os minutos que ouvimos com estrondo, badaladas de ferro nas têmporas, quem vem lá, o padre finalmente, o Américo que chama para nos alinharmos, outro russo, ou outro que não sendo russo é como se fosse, mais um preto, ciganada, um branquelas magrito, um gordo de bigode que não se percebe se é branco ou mulato ou monhé, um gordo de bigode que não gostou que o gajo de trás lhe buzinasse no semáforo, trazia um ferro ali à mão, o gajo de trás não volta a buzinar, ia atrasado para o emprego e podes apostar que o despediam se não tivesse ido a enterrar no dia seguinte» (Canário, Rodrigo Guedes de Carvalho. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2007, pp. 60-61).
[Texto 2548]