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Linguagista

«Lêntico/lótico»

Esse é que seria um bom trabalho

 

 

      Outra falha nos dicionários, inexplicável sobretudo nos que têm edição em linha, é a não indicação de vocábulos relacionados, sinónimos e antónimos. Por exemplo: recentemente, fiquei a conhecer as palavras lêntico (relativo a ambiente de águas paradas ou de pouca movimentação) e lótico (relativo a ambiente de águas movimentadas). Devia haver uma remissão mútua nos verbetes. E o que custava fazer isso? Nada. Quase nada.

 

[Texto 2608]

«Círculo vicioso/círculo virtuoso»

Não é apenas isso

 

 

      Num texto que estou a ler (um relatório, 520 páginas), acabei de ler a expressão «círculo virtuoso». Fui comprovar se estava no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Não está. E mais: a definição de «círculo vicioso» que regista não é o sentido habitualmente usado. Veja-se: «erro de raciocínio que consiste em provar A por B e B por A». Ainda há muito para fazer, essa é que é a verdade.

 

[Texto 2607]

Tradução: «bagman/button man/homme de main»

Fica a pergunta

 

 

     aqui falámos da tradução de bagman. Será mariola, como sugere Montexto, mas mariolas há muitos. R. A. sugere a expressão «homem da mala», que, tanto quanto pude pesquisar, se usa para designar, no Brasil, o indivíduo, intermediário, que suborna árbitros. «Homem de mão», como está na tradução? Nunca até então tinha visto. Hoje, sei que vem directamente do francês homme de main: «Celui qui est au service d’autrui pour exécuter des tâches généralement répréhensibles ou illégales. Bien dirigé, il peut servir d’homme de main pour toutes les besognes (Sartre, Mains sales, 1948, 1er tabl., 3, p. 29).» Alguém tem aí a tradução portuguesa, com chancela da Europa-América, desta obra de Sartre? Porque me voltei a lembrar disto? Acabo de ver button man traduzido por... «homem de mão». Não servirá «capanga» — que também veio do Brasil — para traduzir ambos os termos?

 

[Texto 2606]

Tradução: «chignon»

Então não

 

 

      «Chignon», lia-se no original. «Carrapito», verteu o tradutor. Corte-se — carrapito — decidiu alguém, e substitua-se por «coque». Vamos aos dicionários. Os de língua inglesa dizem que chignon é «a knot of hair that is worn at the back of the head and especially at the nape of the neck». Vem do francês, língua em que, por extensão de sentido, é a «coiffure féminine consistant en cheveux ramassés et relevés plus ou moins haut, suivant la mode, sur la nuque ou sur la tête». Coque chegou-nos do francês, e, se para nós é o «cabelo apanhado atrás da cabeça, enrolado em espiral e preso com ganchos, elásticos, rede, etc.», na língua francesa é o «ruban ou mèche de cheveux en forme de coque». Carrapito ou carrapicho, por sua vez, é a «pequena porção de cabelo presa no alto da cabeça». Tudo segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. O Dicionário de Inglês-Português da Porto Editora dá como tradução de chignon puxo, que não é mais do que a «trança ou tufo de cabelo enrolado e preso atrás da cabeça». Conclusão? É mesmo necessária? Só na obra de António Lobo Antunes é que há mulheres de carrapito. Pode ser?

 

[Texto 2605]