Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Heis/haveis»

Língua pátria

 

 

      Ora vejam: «Não heis-de respeitar como a homem quem vos livra de uma enfermidade: como a um Deus o haveis de venerar.» Isto escreveu o P. Manuel dos Reis num dos seus sermões. Coisa comezinha. Hoje em dia, mesmo professores universitários duvidam que se possa usar ou que exista a forma sincopada heis-de. Pode, e desde o século XV, quando apareceram as duas, heis e haveis. E há outros casos de dualidade de formas neste verbo.

 

[Texto 2616]

Hiperémese gravídica

Vai-se percebendo

 

 

      «A duquesa de Cambridge regressou ontem aos seus compromissos oficiais. Kate Middleton marcou presença no centro de reabilitação para toxicodependentes Hope House, em Londres, depois de ter estado algumas semanas afastada devido ao quadro clínico de hiperémese gravídica e de ter passado férias na ilha Mustique, nas Caraíbas» («Kate não reage a críticas e retoma agenda oficial», Ana Filipe Silveira, Diário de Notícias, 20.02.2013, p. 53).

      Vá lá, aqui já no-la tinham vendido como hyperemesis gravidarum. Por este andar, ainda acabarão por falar em português escorreito: enjoos matinais crónicos.

 

[Texto 2615]

Doença ou cura?

Ambas

 

 

      «Já na ossada de D. Pedro IV foi possível observar duas fraturas associadas a acidentes de equitação. “Numa dessas fraturas, provavelmente foi atingido o pulmão, mas não foi diagnosticado na hora e isso gerou o pneumotórax [lesão na pleura que leva a que um dos pulmões ‘cole]”, explica [o investigador Paulo Saldiva, da Universidade de São Paulo]» («Ossadas contam história de imperadores do Brasil», Diário de Notícias, 20.02.2013, p. 30).

      Pneumotórax: lesão na pleura. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista o vocábulo e define-o assim: «método de tratamento da tuberculose pulmonar pela introdução de ar na cavidade pleural para provocar a compressão e a retracção do pulmão e, finalmente, a cicatrização das lesões pulmonares». Uf... Em suma, num caso é doença e no outro, cura. Ou seja, neste dicionário falta a acepção usada no artigo.

 

[Texto 2614]

A cônsul ou a consulesa?

Simplificando

 

 

      «Maria Teresa Cruz, cônsul honorária do Nepal em Portugal, também esteve ontem a tentar inteirar-se da situação clínica de Narenda Giri e manifestou ao DN a intenção de contactar o Exército para um apoio imediato à família. “Estamos a falar de pessoas que vieram trabalhar para Portugal e que não têm capacidade para arcar com as despesas de saúde que uma situação deste tipo implica”, disse a cônsul, que passou parte da tarde a tentar contactar elementos da comunidade nepalesa em Lisboa»  («Nepalês em coma com as pernas amputadas», Luís Fontes, Diário de Notícias, 20.02.2013, p. 21).

      «A cônsul». No Público, como vimos aqui, preferem consulesas. Como se trata de um feminino que se forma de uma maneira irregular, logo os falantes procuram simplificar as coisas.

 

[Texto 2613]