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Linguagista

Sobre «secretivo»

Como de costume

 

 

      «Susana recebeu-me com excessiva cerimónia, e deixou-me a sós com o nosso biografado, a fim de que estabelecêssemos o diálogo secretivo em que ela não ousava intervir» (Tiago Veiga, Uma Biografia, Mário Cláudio. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2011, p. 695).

      A primeira ideia que nos ocorre é que se relaciona com secreções, mas não, claro. É mais um anglicismo, de secretive, «disposed to secrecy». Proclive a guardar segredo.

 

[Texto 2643]

 

«Tipo de Papa que o suceder»

A noite sucede ao dia

 

 

      «Não foi só os católicos que Bento XVI surpreendeu. Também os anglicanos e os ortodoxos ficaram espantados com o seu gesto. A pastora inglesa anglicana Debbie Flach confessa: “Achei que o Papa não se reformava”. É, porém, mais reticente em prever se a decisão vai ter impacto na estrutura da Igreja Católica: os próximos anos dependem mais do “tipo de Papa que o suceder”. Mas arrisca: o novo Papa “deve ser capaz de chegar a todos os católicos. Espero que o próximo Papa seja capaz de trabalhar com todas as igrejas cristãs”» («Anglicanos e ortodoxos surpreendidos com Bento XVI», Joana Gorjão Henriques, Público, 1.03.2013, p. 4).

      Já vimos este erro mais de uma vez. O verbo suceder, nesta acepção, é transitivo indirecto, tem como complemento um termo preposicionado — suceder a alguém. Ora, os transitivos indirectos que regem a preposição a requerem as formas lhe ou lhes. Logo, «tipo de Papa que lhe suceder».

      Quanto a «gesto» na acepção empregada no artigo, tudo o que havia que dizer disse-se aqui.

 

[Texto 2642]