Entre greta e grosso
«Na segunda sessão do julgamento (ontem), que decorre no Tribunal de Braga, uma sobrinha da arguida, professora, sustentou a tese da acusação, dissertando sobre a conotação sexual da palavra “grilo”, nome pelo qual entre outros é conhecida a vagina, e fazendo a interpretação da letra, defendendo que esta sugere que Miguel Costa manteve um relacionamento sexual com a tia. Uma convicção que manteve mesmo depois de confrontada com certos textos de Gil Vicente ou mesmo com a A Garagem da Vizinha [sic], de Quim Barreiros, para aferir do eventual tom de brincadeira da canção» («‘Grilo da Zirinha’ deixa Padim da Graça em alvoroço», Sérgio Pires, Diário de Notícias, 19.03.2013, p. 18).
Gostava de ter ouvido a professora a dissertar. Quanto ao grilo, o que sei é que entre «greta» e «grosso», no Dicionário do Palavrão, de Orlando Neves e Carlos Pinto Santos (Lisboa: Editorial Notícias, 2001), nada há. Delmira Maçãs (Os Animais na Linguagem Portuguesa. Lisboa: Instituto para a Alta Cultura, 1951, p. 215) é que, «para pudendum hominis ou infantis», regista «grilo». Reparem: para pudendum hominis, não para pudendum mulieris. Uma diferença de vulto.
[Texto 2689]