«Léxico cinco vezes inferior»
Vamos ler para confirmar
«Este livro está muito bem escrito. Porque é tão raro ler-se esta qualidade atualmente?», pergunta, na entrevista hoje publicada no Diário de Notícias, João Céu e Silva a Francisco José Viegas, que responde: «Tal como o cinema busca a imagem certa em cada fotograma, também na literatura deveria haver mais preocupação com a língua e com as possibilidades que dá. Assusta-me comparar o Mau Tempo no Canal com um romance contemporâneo, onde o léxico é cinco vezes inferior. Nemésio não diz árvores, refere que são pinheiros ou plátanos. Perdeu-se vocabulário e até a noção do que é um romance clássico português. Parece que a nossa literatura não tem história e que vem diretamente de Faulkner ou de Gogol» («“É o diabo quando acordamos o moralista que existe em nós”», Francisco José Viegas entrevistado por João Céu e Silva, Diário de Notícias, 20.03.2013, p. 49).
Numa caixa, ainda se lê: «Para o autor, O Colecionador de Erva (Porto Editora) pode ser uma paródia ao policial, mas é um livro em que o leitor vai reencontrar a arte de escrever bem a língua portuguesa e a exigência de ler 305 páginas de uma só vez.»
[Texto 2696]