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Linguagista

«Obra-prima/obra-mestra»

Prima de primeira

 

 

      João Gaspar Simões — autor injustamente esquecido, e de quem tenho ali três obras que me ofereceram recentemente e que aguardam vez para as ler — distinguia («mau grado a significação idêntica dessas expressões», acrescentava) entre obra-prima e obra-mestra. Castelhanismo ou não, o certo é que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhe o vocábulo «obra-mestra», embora remeta, e bem, para o verbete «obra-prima».

 

[Texto 2716]

«Entreter correspondência»

Uma acepção em falta

 

 

      «Durante todo ele, entreteve correspondência regular com o embaixador português em Paris, Conde da Vidigueira, que centralizava a atividade internacional da Restauração; nela fazia, religiosamente, a crônica, muitas vezes pitoresca, de sua atormentada missão» (A Arte de Furtar e o Seu Autor, Afonso Pena Júnior. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2001, vol. 1, p. 118).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não acolhe, estranhamente, esta acepção do verbo «entreter», que o Aulete, por exemplo, regista.

 

[Texto 2715]

Ortografia: «grão-priores»

A medida do desmazelo

 

 

      «O anúncio foi feito na sexta-feira, no encerramento do congresso que durante a última semana juntou os 20 grão-priores da ordem, da Europa e da América, em Portugal. [...] Os Grãos Priores queriam avaliar os espaços prometidos pela Secretaria de Estado da Cultura» («Convento de Tomar vai ter sede cultural da Ordem dos Templários», Maria João Caetano, Diário de Notícias, 25.03.2013, p. 46).

 

[Texto 2714]

Ai as aspas

É da pressa, dizem

 

 

      «A atriz esteve ontem em Lisboa para visitar a exposição da artista plástica Joana de Vasconcelos. Sharon Stone, que veio a Portugal “batizar” um navio-hotel para cruzeiros no Douro, admirou a obra exposta no Palácio da Ajuda» («Sharon Stone visita Palácio da Ajuda», Diário de Notícias, 25.03.2013, p. 53).

      Para quê as aspas? Então baptizar não é — também —, como se lê no Dicionário Houaiss, «benzer um objecto e eventualmente dar-lhe um nome»?

 

[Texto 2713]

«Debute» ainda não estreado

Não neste dicionário

 

 

      «Gad Elmaleh fez o seu debute nos eventos oficiais do principado governado por Alberto II, sábado à noite, no Baile da Rosa» («O debute do amor de Charlotte do Mónaco», Raquel Costa, Diário de Notícias, 25.03.2013, p. 53).

      Claro que é galicismo desnecessário, mas agora vejam: o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista-o, não neste sentido, de estreia na vida social, mas somente no de «estreia de um artista».

 

[Texto 2712]

«Reportar», brasileirismo

De além-mar

 

 

      «Jornalista da SIC, especializado em religião, acompanhou o conclave de 2005 e voltou este ano ao Vaticano para reportar a eleição papal» («“O que faz a história da Igreja não é a cor dos sapatos do Papa”», Marlene Rendeiro, Diário de Notícias, 25.03.2013, p. 50).

     No sentido de fazer uma reportagem, reportar é brasileirismo, embora com origem no inglês to report.

 

[Texto 2711]

Mais inglês desnecessário

Mais inglesias bacocas

 

 

      «O esquema do personal financial advisor foi descoberto pelo próprio banco onde trabalhava até finais de 2011. A instituição bancária apresentou queixa crime e o casal burlado também» («Jovem bancário desviou um milhão de euros», Rute Coelho, Diário de Notícias, 22.03.2013, p. 19).

      Em todo o artigo se fala do gestor de conta, mas aqui o apelo do inglês foi muito mais forte. E lá está a «queixa crime» como Montexto quer — desornada do seu hífen (ver aqui).

 

[Texto 2710]