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Linguagista

«Uso campeão»!

E professores universitários

 

 

      Vai para dois anos, escrevi no Assim Mesmo que «em Portugal e no Brasil, o bom povo — ou, para sermos mais precisos, um ou outro beira-corgo — diz uso campeão querendo dizer “usucapião” (aquisição pelo uso), esse termo da linguagem do Direito. Até se lê em certos requerimentos: “Fulano vem requerer uso campeão…” É a lei do mais forte». Pois agora ouvi o Prof. Júlio Machado Vaz, no programa O Amor É..., dizer «uso campeão», e não me parece que estivesse a brincar, pois disse-o duas vezes.

 

[Texto 2645]

Como se escreve nos jornais

Extremamente

 

 

      «Tem fama de ser espartano e imune a pressões o beirão ontem aprovado pelo Conselho Superior do Ministério Público para liderar o combate à criminalidade económico-financeira. Aos 58 anos, o ultra discreto procurador-geral adjunto Amadeu Guerra sucede à mediática Cândida Almeida à frente do Departamento Central de Investigação e Acção Penal» («Um beirão espartano imune a pressões passa a liderar combate à corrupção», Ana Henriques e Mariana Oliveira, Público, 1.03.2013, p. 12).

      Ultra, que é aqui um prefixo, fica assim solto, livre, descomprometido. E assim fica também uma ortografia descomprometida.

 

[Texto 2644]

Sobre «secretivo»

Como de costume

 

 

      «Susana recebeu-me com excessiva cerimónia, e deixou-me a sós com o nosso biografado, a fim de que estabelecêssemos o diálogo secretivo em que ela não ousava intervir» (Tiago Veiga, Uma Biografia, Mário Cláudio. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2011, p. 695).

      A primeira ideia que nos ocorre é que se relaciona com secreções, mas não, claro. É mais um anglicismo, de secretive, «disposed to secrecy». Proclive a guardar segredo.

 

[Texto 2643]