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Linguagista

Plural de «avô» é...

Não se fala mais nisso

 

 

      «Avós, avôs. Seria conveniente aplicar a primeira forma ao plural de avó. A segunda usar-se-ia com referência aos antecessores, antepassados, avoengos e como plural de avô.

      Viana preferiu registar avôs apenas como plural de avô e avós como plural de avó e no sentido de antepassados. O “Vocabulário” da Academia errou, pois atribuiu a avô o plural avós, o que não pode ser. (D. D.) Quase no fim da invocação, referindo-se ao avô paterno de D. Sebastião, D. João III, e ao avô materno, Carlos V, emprega Camões o plural avôs (canto I, est. XVII, edição de 1572).

 

          “Em vós se vem da olímpica morada

              Dos dois avôs as almas cá famosas.”

 

      Lembra-nos haver já sido proposta a forma avôs, com o o fechado, para designar também os antecessores, antepassados, antigos, ascendentes, ou avoengos (palavras estas que evitam o galicismo ancestro). Ver, por exemplo, a “Selecta Clássica” de João Ribeiro, pág. 78, onde se refere o uso de tal grafia pelos nossos bons escritores antigos. Aí ensina ainda o mesmo Autor que o verdadeiro significado de progenitores é avôs, ascendentes. Julgamos que haveria conveniência em aplicar avós sòmente ao plural de avó. A edição de 1907 de “O Santo da Montanha”, de Camilo, traz a acentuação de avôs: “solar de nossos avôs...”, onde o termo ocorre por antepassados. Finalmente, não se esqueça que o anglicismo ancestral tem bom correspondente em avito. (E. V.).

      Nas anteriores edições deste “Dicionário de Dificuldades”, além do mais, informei que o “Vocabulário” da Academia errou, ao atribuir a avô o plural avós. Costa Leão (“Prontuário de Ortografia”, pág. 129, nota — ed. 13.ª) cai no mesmo lapso, quando deseja que o plural de avô seja avós.

      O plural de avô (pai do pai ou pai da mãe) só deve ser avôs, como Gonçalves Viana regista no seu inexcedível “Vocabulário”» (Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, vol. I, Vasco Botelho de Amaral. Lisboa: Centro Internacional de Línguas, 1958, pp. 455-56).

 

[Texto 2736]