Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «carrocho»

Lá num covão da serra de S. Macário

 

 

      Apesar de ser a aldeia com mais cabras em todo o País (3000 cabras para 40 habitantes), Covas do Monte, no concelho de S. Pedro do Sul, tem um queijo tradicional, hoje quase desconhecido, feito de leite de vaca, chamado carrocho. No programa Portugal em Directo de ontem, ficámos a saber como se faz: «Deitava-se [o leite] dentro de uma panela, a ferver com uma pouca de água, e depois aquilo coalhava. Ficava da forma do tacho em que estivesse. Depois deitava-lhe um bocadinho de azeite. Saía, depois quando estivesse cozido, coalhava, tirava-o fora, punha num prato e cortava às fatiinhas» (José da Cruz, presidente da junta de freguesia). «Isso aqui atrasado», disse o Sr. José da Cruz, «essa gente utilizava muito isso.» «Aqui atrasado» — José Leite de Vasconcelos também recolheu esta expressão: «aqui há um tempo».

 

[Texto 2905]

Léxico: «caraquenho»

Isso está certo

 

 

      «Com as ossadas levadas para a salinha de estar, para a velha senhora continuar a ver a telenovela preferida, esta história sórdida ganharia a generosidade dos bandidos caraquenhos e bêbados baianos. Na despensa, é só uma história de netos rascas» («As ossadas da avó? Ao pé das cebolas...», Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 30.05.2013, p. 56).

      Não há erro nenhum, pois não, caraquenho é o natural ou o habitante de Caracas.

 

[Texto 2904]

«Procureur de la République»

O Sr. Moulin é procurador

 

 

      «Alexandre D. também é francês e, ao ser apanhado pela polícia em casa de uma amiga, em la Verrière (Yvelines), “reconheceu logo os factos”, disse, em conferência de imprensa, o procurador, que referiu “uma vontade de matar muito evidente” da parte do suspeito» («Jovem que atacou soldado em Paris converteu-se há pouco ao islão», Albano Matos, Diário de Notícias, 30.05.2013, p. 31).

      «Procurador», vá lá. Claro que ajuda — ou é determinante? — que no original seja «procureur de la République».

      «Alexandre D., 22 ans, suspect de la tentative d’assassinat du militaire samedi à La Défense, a été arrêté ce mecredi à 6h10 devant le domicile de l’une de ses amies à La Verrière (Yvelines). Pour le procureur de la République de Paris, François Molins, ce jeune homme originaire de Trappes et converti à l’islam «à la fin de sa minorité», a «agi au nom de son idéologie religieuse contre un représentant de l’Etat», ce qui relève de l’incrimination terroriste» (in Libération).

      Mas agora reparem: no jornal português lê-se «la Verrière»; no francês, «La Défense». Tem de haver sempre qualquer erro ou gralha ou distracção.

 

[Texto 2903]

Pág. 1/37