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Linguagista

«Une autre»

Virá daqui?

 

 

      «A cette question, il faut opposer une autre, etc.» E por isso traduzem assim: «A esta questão torna-se necessário opor uma outra, etc.» Não apenas traduzem: escrevem sempre assim. Ora, o artigo indefinido é usado (ou deve ser, lembrem-se da suinização) com muita contenção na nossa língua. O abuso é claramente galicismo. E não deve ser usado antes de outros qualificativos como outro, certo, etc.

 

 

[Texto 2803]

Demasiadas singularidades

Lusofonês personalizado

 

 

      «Por um lado, estou esclarecida. José Mário Costa não precisa da minha “Contribuição para uma errata”, como a designei na ignorância de que não utiliza o nosso português mas sim, mais propriamente, um género de lusofonês personalizado.

      Veio munido de bibliografia brasileira reiterar um “inerente nele”, com o à-vontade de quem vai na lanchonete. Chega a atribuir foros de figura de estilo (uma ênfase nada menos que camoniana!) ao seu peculiar “ruído de fundo à volta”. Lança-me a par e passo o Dicionário Houaiss, muito útil noutros aspectos, pouco ciente quiçá dessa notável síntese do humorista brasileiro Millôr Fernandes: “O Houaiss conhece todas as palavras da língua portuguesa; ele só não sabe juntá-las!”» («‘Agramatical’ lusofonia», Madalena Homem Cardoso, Público, 2.05.2013, p. 47).

      Já aqui tínhamos identificado um inédito «ater-se em», que ninguém se atreveu, é verdade, a condenar, porque a língua é vasta e tudo é possível. Só estranhámos. Mas vão-me parecendo demasiadas singularidades.

 

[Texto 2802]

Tradução: «industrial-strength lye»

Por oposição a caseira?

 

 

      «Carmen Tarleton foi atacada há seis anos pelo marido com lixívia industrial. Sofreu queimaduras em 80 % do corpo» («Hospital de Boston implanta novo rosto a mulher desfigurada com lixívia», Paula Rebelo, Jornal da Tarde, 2.05.2013).

      Lixívia industrial, dizem?... Hum... Os meios de comunicação norte-americanos falam em industrial-strength lye. Não será antes soda cáustica?

 

[Texto 2801]

Léxico: «tambuladeira»

Cavaleiros e infanções...

 

 

      «Nesta cerimónia vão ser entronizados 30 novos cavaleiros e um infanção. O infanção recebe o chapéu, inspirado no infante D. Henrique, a capa e a tambuladeira. Quanto aos cavaleiros, recebem só esta peça, que serve para provar o vinho. Pode ser de porcelana branca, que é melhor até para mostrar a cor do produto» («Confraria do Vinho do Porto faz entronização no Brasil», João Pacheco Miranda, Jornal da Tarde, 2.05.2013).

      «Copo ou utensílio de prata em forma de disco, com que se avalia o corpo e a cor do vinho e se lhe aprecia o aroma», na definição do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. «De origem obscura», acrescenta, mas eu pergunto a mim próprio se não vem directamente do castelhano tembladera: «vasija ancha de forma redonda, hecha de una capa muy delgada de plata, oro o vidrio, con asas a los lados y un pequeño asiento».

 

[Texto 2800]