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Linguagista

Publicidade

Tem graça

 

 

      O grupo do reflexivo *se indica, nas línguas indo-europeias, o que é próprio (em latim, suus) e existe de modo autónomo, tanto no sentido daquilo que é próprio de um grupo, como no latim suesco, consuetudo, sodalis, no grego ethos (e éthos), «costume, hábito, morada habitual»... Não, não era nada disto que eu queria dizer. Queria apenas dizer que acho bem conseguida a publicidade (o headline, diriam os (des)entendidos — e vou já lavar a boca com vinagre) da Citroën que promete «o céu a seu dono».

 

[Texto 2811]

«Tipóia/charpa/“sling”»

Com que então, sling...

 

 

      Percebe tanto de inglês como eu de chinês, mas de manhã apareceu com um braço ao pescoço. «Uma luxação», tenta o marido adivinhar. «Foi no hospital que lhe puseram o sling.» «O quê?» «O sling.» Em português, à tira de pano onde se apoia o braço doente dá-se o nome de charpa. No Brasil, como vimos aqui, o nome de tipóia — que, neste caso, não tem nada que ver com o carro puxado a cavalos, mas sim com a rede em que as índias do Brasil transportavam os filhos pequenos. Afinal, também uma das acepções de sling. Charpa vem do francês écharpe, é verdade. Mas, como está aportuguesado, é sempre preferível. Em castelhano também se diz charpa e, inteiramente vernáculo e analógico, cabrestillo.

 

 [Texto 2810]

Léxico: «ultramaratona»

Para prevenir

 

 

      «Entre eles há um convidado especial. Márcio Villar vem do Brasil e traz um currículo onde cabem as ultramaratonas mais duras do mundo — como a Jungle Marathon (na Amazónia), a Arrowhead (no Minnesota, nos EUA), a Badwater (no Vale da Morte, na Califórnia) ou a Brasil 135» («Oh meu Deus Covilhã. O nome diz tudo», Rui Catalão, i, 4.05.2013, p. 50).

      Continua a não aparecer em todos os dicionários, e convinha, pois nem sempre os escrevinhadores acertam na ortografia.

 

[Texto 2809]

Ortografia: «biossensor»

Escrever mal é com eles

 

 

      Na Covilhã, foi inaugurado um novo centro de investigação em saúde — o UBI Medical. Tinha de ser em inglês, ou não seria eficaz. Na reportagem do Jornal da Tarde de ontem, pudemos ver as instalações. Numa das paredes, lia-se numa placa de aço escovado: «Laboratório Biosensores». Solta, ó Jove, os teus raios sobre o ímpio que assim escreveu. Então não se tem de dobrar o s, «biossensor»? Já nem digo nada da falta de preposição.

 

[Texto 2808]