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Linguagista

Léxico: «auto-referência»

O paradoxo do Cavaleiro Branco

 

 

      Houaiss, Houaiss... Lembramo-nos logo do problema filosófico da auto-referência (o nome do nome), não é assim? Claro que me recordo do que se afirma na proposição 4.126 do Tractatus, mas Carnap defendia, pelo contrário, que um nome pode ser perfeitamente nomeado através da sua inclusão entre aspas, o que foi refutado por Reach. Etc. (É quase, Jorge, como a questão do emudecimento do português europeu, com a diferença de que as asserções relativas a este são verificáveis, ao contrário do que se possa dizer sobre a auto-referência. É só esperar para ver. Esperar para ver a «ado[p]ção» ficar, também na pronúncia, parente do «adoçante», como exemplifica Pedro Correia.)

 

[Texto 2819]

Léxico: «empregatício»

Intervalo entre dois valores

 

 

      Acabei de conhecer uma palavra: «empregatício». É adjectivo que não consta dos nossos dicionários, mas que não falta, obviamente, no Dicionário Houaiss, e o leitor que neste momento, às 19h04, está a ler o blogue algures entre Matupá e Novo Mundo, no Brasil, há-de conhecê-lo. (E é claro que Millôr Fernandes se referia ao Houaiss de papel — e, por isso, ao Houaiss — e não ao Houaiss de carne e osso, mais osso que carne, parece que era magro. Tirando casos patológicos, apenas de um dicionário é que se pode afirmar que conhece todas as palavras, só não sabe juntá-las.)

      Mau, mau... No mesmo texto onde encontrei «empregatício», leio que determinados dados apontam para «uma fourchette entre 80 % e 90 %». Eu sabia lá que isto se usava em estatística... Para francófonos?

 

[Texto 2818]

 

«Africano/negro»

Continua a ser assim

 

 

      Rua das Pretas. Pois é, das Pretas. Ainda o politicamente correcto, essa estupidez erigida em moda, há-de querer mudar o nome da rua. Aposto que escolheriam Rua das Africanas. Rua das Negras não, pois continuo a ler e a ouvir «africano» a querer significar «negro». Ora, todos nós conhecemos africanos brancos e até de cores intermédias. Felizmente – e que o Diabo seja cego, surdo e mudo –, os dicionários, pelo menos os que interessam, ainda só registam que africano é o natural ou habitante de África. Quanto à cor, essa é outra história.

 

[Texto 2817]