Antes fosse
Mercedes Balsemão foi ontem ao programa À volta dos Livros falar do seu primeiro romance, A Imperatriz Que Veio de Portugal. A determinada altura, pareceu-me que tinha dito, a propósito de D. Isabel, mulher do imperador Carlos V, «imperadora», mas, confirmei-o agora, a palavra que usou foi «governadora». E, segundo a opinião de dois consultores do Ciberdúvidas, não podia ser de outra forma. Contudo, para alguns dicionários, «imperadora» é o mesmo que «imperatriz», o que significa que tanto designa a mulher de imperador como a soberana de uma nação. Nunca seria esse o erro.
Mas agora reparem neste extracto da entrevista: «É uma história de amor que, contra todas as expectativas, depois de um casamento político, um casamento dinástico, em que não se conheciam um ao outro, havia rumores, obviamente, sobre a personalidade do futuro marido, chegavam-lhe de todos os lados rumores, e ela, embora quisesse muito casar com ele, porque era esse o destino de uma princesa do seu ranking, do seu nível, que era a princesa do rei mais rico da Cristandade, o rei D. Manuel, tinha de aspirar ao que havia de melhor, mais poderoso, e era esse o seu objectivo.»
«Do seu nível» — tradução de ranking, é isso? Bem, ranking é a classificação ordenada de acordo com determinados critérios. Mas a entrevistada queria dizer, como se comprova logo de seguida, «categoria», «classe», que em castelhano (e muitas das fontes para a escrita do romance terão sido em castelhano) se diz rango, mas só lhe ocorreu, pela vaga semelhança, a palavra inglesa ranking.
[Texto 2820]