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Linguagista

Léxico: «tenístico»

Erro, diz ele

 

 

      «“Os nossos pensamentos estão com a família de Brad [Drewett] neste dia extremamente triste para eles, para a ATP e para toda a comunidade tenística”, concluiu a nota» («Presidente da ATP que esteve ligado ao ténis durante 35 anos», Diário de Notícias, 5.05.2013, p. 43).

      Imagino que o revisor antibrasileiro daria pinotes com «tenística», como dava, sabem porque eu vos disse, com «clubístico». Feitios...

 

[Texto 2822]

Léxico: «assimilacionista/assimilacionismo»

Contra as leis da natureza

 

 

      «Não foi esta, porém, a posição que veio a ser assumida pelo Estado Novo. Já não o era, em 1934, a título oficial, mantendo-se uma directriz proteccionista e não assimilacionista. Mas aceitava ainda que surgissem ideias neste sentido, o que, obviamente, já não seria possível na altura em que, para salvar a face, nos anos cinquenta, o Estado optou por um assimilacionismo (sempre controlado) e terminou nos anos sessenta numa lógica assimilacionista completa, provavelmente contra natura [sic], extinguindo a lei do indigenato (existente em certas colónias ou “províncias” até 1961), e conferindo aos naturais a cidadania portuguesa» (Estados Novos, Estado Novo, Luís Torgal Reis. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009, p. 484).

  Mais duas ausências em alguns dicionários, e nomeadamente no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. (E claro que em vez de contra naturam se pode escrever, e com vantagem, contranatura.)

 

[Texto 2821]

«Imperatriz/imperadora»

Antes fosse

 

 

      Mercedes Balsemão foi ontem ao programa À volta dos Livros falar do seu primeiro romance, A Imperatriz Que Veio de Portugal. A determinada altura, pareceu-me que tinha dito, a propósito de D. Isabel, mulher do imperador Carlos V, «imperadora», mas, confirmei-o agora, a palavra que usou foi «governadora». E, segundo a opinião de dois consultores do Ciberdúvidas, não podia ser de outra forma. Contudo, para alguns dicionários, «imperadora» é o mesmo que «imperatriz», o que significa que tanto designa a mulher de imperador como a soberana de uma nação. Nunca seria esse o erro.

      Mas agora reparem neste extracto da entrevista: «É uma história de amor que, contra todas as expectativas, depois de um casamento político, um casamento dinástico, em que não se conheciam um ao outro, havia rumores, obviamente, sobre a personalidade do futuro marido, chegavam-lhe de todos os lados rumores, e ela, embora quisesse muito casar com ele, porque era esse o destino de uma princesa do seu ranking, do seu nível, que era a princesa do rei mais rico da Cristandade, o rei D. Manuel, tinha de aspirar ao que havia de melhor, mais poderoso, e era esse o seu objectivo.»

     «Do seu nível» — tradução de ranking, é isso? Bem, ranking é a classificação ordenada de acordo com determinados critérios. Mas a entrevistada queria dizer, como se comprova logo de seguida, «categoria», «classe», que em castelhano (e muitas das fontes para a escrita do romance terão sido em castelhano) se diz rango, mas só lhe ocorreu, pela vaga semelhança, a palavra inglesa ranking.

 

[Texto 2820]