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Linguagista

E os professores?

Alguns reconhecem

 

 

      «Se considerarmos os programas escolares e também a preparação que nas últimas décadas terá sido dada aos professores de português, o mais provável é que aqueles que hoje têm entre quarenta e cinquenta anos, e se encontravam, portanto, na mais tenra infância à data do 25 de Abril de 1974, tenham sido sujeitos a tantas experiências pedagógicas de duvidosa consistência, a tantas abstrusas injecções teóricas e práticas de nenhuma utilidade, a tantos descasos em matéria de formação cultural, que, salvas as honrosas excepções do costume, é legítimo alimentar as mais sérias dúvidas sobre se estarão em condições de ler Aquilino Ribeiro ou de, questão mais geral, ensinar correctamente o português nas nossas escolas» («Celebrar Aquilino», Vasco Graça Moura, Diário de Notícias, 15.05.2013, p. 54).

 

[Texto 2854]

 

Usar o dicionário

Celebrar a palavra

 

 

      «Dada a riquíssima complexidade lexical da sua obra, de há muito que ela, só por si, teria justificado fosse introduzida nos programas de português uma utilização eficaz do dicionário, em que tirar significados constituísse uma obrigação corrente na prática escolar. Isto sem falar na questão do estabelecimento de um cânone mínimo, de que já tive ocasião de falar aqui e que também não pode existir sem a reabilitação do dicionário...» («Celebrar Aquilino», Vasco Graça Moura, Diário de Notícias, 15.05.2013, p. 54).

 

[Texto 2853]

«Informação-exame»?

Está tudo ligado

 

 

      Agora lê-se por aí, em todas as escolas e na Internet, «informação-exame de equivalência à frequência» desta e daquela disciplina. É o Despacho Normativo n.º 6/2012 («despacho-normativo», lê-se aqui, escrito por algum maluquinho do hífen): «Ao departamento curricular compete propor ao conselho pedagógico a Informação-Exame de equivalência à frequência de cada disciplina no ensino básico ou a Informação-Prova de equivalência à frequência de cada disciplina no ensino secundário, cuja estrutura deve ser análoga à informação-prova final ou à informação-exame elaborada pelo GAVE para as provas finais de ciclo e para os exames finais nacionais, respetivamente, da qual devem constar os seguintes aspetos: objeto de avaliação, características e estrutura, critérios gerais de classificação, material e duração».

     A dúvida é sobre aquele hífen a ligar «informação» e «exame». Faz algum sentido estar ali?

 

[Texto 2852] 

Tradução: «prosecutor»

Peter Zinner é...

 

 

      «“Este não foi um roubo de sorte. Existem fortes indícios de que Jamie Filan sabia que o senhor Mourinho e a sua família estavam hospedados no quarto e que estes foram o seu alvo por saber que faria uma ‘bela colheita’”, declarou o promotor de justiça, Peter Zinner, no tribunal de Southwark Crown, revelando que o treinador ficou extremamente “angustiado” com o sucedido» («Assaltante de Mourinho leva 31 meses de prisão», Marlene Rendeiro, Diário de Notícias, 15.05.2013, p. 53).

      Peter Zinner é prosecutor ou, como se lê em alguns sítios, «London Crown Advocate». Isto traduz-se por «promotor de justiça»? Não será antes «procurador da Coroa» ou «advogado da Coroa»?

 

[Texto 2851]

Como se escreve nos jornais

Nem um duende

 

 

      «Pedro Lourenço escondera-se no meio das ervas. A movimentação de um arbusto fez desconfiar os guardas, que, usando as pistolas Uzi 9 mm, alvejaram o recluso foragido numa perna» («Guardas travam a tiro fuga de dois reclusos algemados», Luís Fontes e Rute Coelho, Diário de Notícias, 15.05.2013, p. 22).

      Há quem não saiba distinguir um arbusto de uma árvore, nem um camelo de um dromedário, mas confundir ervas com arbustos há-de ser mais raro.

 

[Texto 2850]