Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

O plural de «órix»

Era poeta e sabia

 

 

      «Depois começamos a cair na monotonia e à 50.ª zebra já ninguém diz nada. Pelo meio, aparecem muitas gazelas, antílopes e órix» («As cores da Namíbia», Catarina Serra Lopes, «Tabu»/Sol, 19.04.2013, p. 54).

      Os dicionários afiançam que é invariável, mas lembro-me bem de ter lido numa obra de Ruy Duarte de Carvalho «órixes». Pelo menos em inglês tem dois plurais: oryx ou oryxes.

 

 [Texto 2871]

«Arguência/arguição»

Coisa diversa

 

 

      Desta vez, e para compensar, veio o Jogo da Língua em boa hora alertar para uma confusão que por aí anda — sobretudo nas universidades —, e que é dizer e escrever «arguência» como se fosse sinónimo de «arguição». «Arguência de tese», lê-se aqui e ali. Erro, mas erro já com muitos anos. O acto ou efeito de arguir designa-se por arguição, que é um exame. «Arguência», se existisse, significaria outra coisa.

 

 [Texto 2870]

Léxico: «chiuaua»

Raça discriminada

 

 

      «[Gabriela Carrilho] Está perfeitamente enquadrada com o (bom) estilo de vida de Miami, onde é verão durante quase todo o ano. As corridas matinais, os passeios de bicicleta e a ausência de stresse no percurso diário entre a casa e o escritório, [sic] não lhe trazem grandes saudades de Portugal. “Saio a pé, às vezes com a minha cadela – a Linda, uma chiuaua –, vou passear com ela na marina em frente da casa, vou até à praia, ando muito de bicicleta... A minha vida passou a ser muito mais saudável”» («A menina da rádio», João Paulo Vieira, Visão, 2.05.2013, p. 92).

      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, encontramos caniche, bigle, boxer, dálmata, dogue, husky, rottweiler, samoiedo, terra-nova, etc., mas não chiuaua, e não certamente apenas porque a variante chihuahua é mais usada, porque também não regista esta.

  [Texto 2869] 

Tudo importado

Comfortable, lecture...

 

 

      «Finalmente, porque alguns professores, ideologicamente republicanos, não se sentiam confortáveis a ministrar a historiografia oficial, mas também não queriam assumir o papel de D. Quixotes e fazer outra leitura daquele período» («A lição da I República», José António Saraiva, «Tabu»/Sol, 19.04.2013, p. 72).

      Esta acepção de «leitura», que vem, como vimos aqui, do francês, não tarda está em todos os dicionários. E nem me desagrada completamente. Não posso dizer o mesmo desta extensão de sentido do vocábulo «confortável», que, por sua vez, vem do inglês.

 

 [Texto 2868]

Gentílicos

Isto é que é pensar mal

 

 

      «Uma das principais preocupações [em relação à Birmânia] prende-se com o aumento das violências confessionais. No mês passado, 40 pessoas morreram em protestos contra os Rohingya (muçulmanos)» («Apelo ao fim da violência em encontro histórico», Susana Salvador, Diário de Notícias, 21.05.2013, p. 22).

      É uma teoria dos jornalistas portugueses que eu já revelei ao mundo: se se trata de povos da Antiguidade ou povos de zonas remotas, é com maiúscula inicial que escrevem o nome; se se trata de nós próprios e de outros povos, do Ocidente ou do Oriente, então é com minúscula.

 

 [Texto 2867]