Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Quinhungueiro», conhece?

A hora da urologia

 

 

     É verdade que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhe alguns regionalismos angolanos. Mas não muitos e não este, que Óscar Ribas registou no seu dicionário: quinhungueiro, que é o «que tem quinhunga. Aquele que não sofreu o corte do prepúcio. Incircunciso. Embora a amputação do prepúcio liberte o pénis da formação do esmegma, afecta, por outro lado, a sensibilidade da glande, pelo que outros povos estão abandonando essa prática milenar, a cuja regra Cristo não escapou» (p. 344).

      Não sei se Óscar Ribas escreveu o verbete em tempos pré-sida, mas parece que a «evidência» médica actual (que a todo o momento pode ser a oposta...) é de que a circuncisão diminui o risco de infecção pelo VIH.

 

[Texto 2901]

Regionalismos angolanos

Línguas da terra

 

 

      Acabei agora mesmo de receber pelo correio um exemplar do Dicionário de Regionalismos Angolanos, de Óscar Ribas (Luanda: Ministério da Cultura, 2009, 430 pp.). Só 8 euros!? Não é nenhuma obsessão, mas vamos lá de novo ao verbete «efundula»: «Ritual de puberdade ou de nubilidade feminina. O mesmo que efico entre os Gambos, ehico entre os Muílas, e essuco entre os Dimbas e Ximbas» (p. 144). Bem, o homem sabia alguma coisa, pois não cai nos dois erros habituais quando se trata de gentílicos. Lamentavelmente, de «muchique» (ou vocábulo de grafia aproximada) nada consta.

 

[Texto 2900]

Léxico: «superlua»

Ou perigeu

 

 

      «Nesse dia [23 de Junho] vai ser possível contemplar a maior e mais brilhante lua cheia do ano, que vai ser entre 14% maior e 30% mais brilhante do que o habitual. [...] Se a meteorologia ajudar e não houver nuvens a cobrir o horizonte, será motivo para vir à janela espreitar a superlua, como é conhecido este fenómeno» («Maior e mais brilhante lua do ano a 23 de junho», Ana Bela Ferreira, Diário de Notícias, 29.05.2013, p. 27).

      Superlua ou, como é mais conhecido, perigeu. Mas poderá ver-se se não houver nuvens no horizonte ou no céu?

 

 [Texto 2899]

Um toque de italiano

O sabor seria o mesmo

 

 

      «Mario De Biasi foi o grande repórter fotográfico do levantamento de Budapeste, em 1956, mas foi outra foto sua que me ficou estampada na memória. De Biasi é o autor da foto que teve o mesmo papel das alcachofras alla giudia, os contos de amores difíceis de Italo Calvino e as cores velhas de Roma – o de formar a minha ideia de Itália» («Olhares em vias de extinção», Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 29.05.2013, p. 56).

      Até na poesia de Jorge de Sena há alcachofras à judia. Porquê só umas tinturas de italiano? Já agora, carciofi alla giudia. Ou a frase toda: «De Biasi è l’autore della foto che ha avuto lo stesso ruolo dei carciofi alla giudia, di storie d’amore difficile da Italo Calvino e dei colori vecchi di Roma – per formare la mia idea di Italia.» Ou toda a crónica: «Mario De Biasi è stato il grande fotoreporter della sollevazione di Budapest nel 1956, ma, etc.»

 

 [Texto 2898] 

«Retrete à turca»

Já vi, em Portugal

 

 

      «No sábado, segundo contou às autoridades, terá dado à luz quando estava na casa de banho, com sanitários à turca (ao nível do chão), tendo o bebé caído» («Bebé retirado com vida de um cano de esgoto», Susana Salvador, Diário de Notícias, 29.05.2013, p. 25).

      «A senhora viu? Espreitou? Não sabia que se chamam retrete à turca. Talvez seja mais limpeza, talvez, mas também se entopem. Aquilo é mesmo só pra se fazerem as necessidades. A gente o banho toma-o nos nossos quartos porque às vezes nem lá se pode entrar» (Este Verão o Emigrante là-bas, Olga Gonçalves. Lisboa: Moraes Editora, 1978, p. 135).

 

[Texto 2897]