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Linguagista

«Colocar em perigo»

Não desisto

 

 

      «O governo norte-americano afirma que Manning colocou em perigo com “conhecimento de causa” os Estados Unidos ao divulgar esses documentos secretos, aos quais teve acesso no exercício das suas funções como analista no Iraque desde novembro de 2009 até à sua detenção, em maio de 2010» («“O julgamento do século” de Manning começa hoje», Ana Meireles, Diário de Notícias, 3.06.2013, p. 26).

      «Colocou em perigo»... Cá está, agora todos os dias e em todos os meios de comunicação, o verbo «colocar» a substituir outros verbos, mesmo em expressões fixas. E é claro que, nestes casos, não é «conhecimento de causa» que se diz. 

 

[Texto 2921]

«Lóbi/lóbis»

A mão atrás do arbusto

 

 

      «A investigação do The Sunday Times acaba por ser mais uma (grande) acha para a fogueira da falta de transparência dos lóbies sobre os parlamentares e membros do governo do Reino Unido» («Lordes apanhados a vender os seus serviços para influenciar a política britânica», Ricardo Simões Ferreira, Diário de Notícias, 3.06.2013, p. 25).

      Umas vezes com o rabo de fora, outras com o corpo todo, o inglês está sempre à espreita. É a mão atrás do arbusto.

 

[Texto 2920]

Léxico: «milisievert»

Todos, múltiplos e submúltiplos

 

 

      «Os investigadores calcularam que o valor chegaria a 662 milisieverts, quando o máximo recomendado é de 1000 milisieverts para toda a carreira» («Ir a Marte é como fazer uma TAC por semana», Ana Maia, Diário de Notícias, 3.06.2013, p. 30).

      Nenhum dos dicionários que consultei regista «milisievert», mas todos registam «sievert». Contudo, nenhum deixa de registar «centímetro», «milímetro», «micrómetro»...

 

[Texto 2919]

Léxico: «graxo»

Que tem gordura

 

 

      «Linhaça. É a semente do linho. Devido ao seu elevado valor nutritivo, é considerada um alimento funcional. Na sua composição estão presentes proteínas, fibras alimentares e ácidos graxos (ómega 3 e 6)» («Alimentos na moda», Diário de Notícias, 3.06.2013, p. 15).

      É adjectivo — que significa que tem gordura, gordurento, oleoso — que nunca antes tinha lido num jornal.

 

[Texto 2918]

Ortografia: «antiausteridade»

Agora sim

 

 

      «Mário Soares afinal “está em grande forma” mas com a sua reunião das esquerdas antiausteridade, na última quinta-feira, em Lisboa “criou um problema a António José Seguro”. Isto porque dinamizou uma iniciativa “frentista” e “frentismo é o que Seguro não quer” dado o seu objetivo eleitoral da maioria absoluta» («Soares “criou um problema a António José Seguro”...», J. P. H., Diário de Notícias, 3.06.2013, p. 11).

      Muito bem, antiausteridade, e não, como escreveu aqui uma colega deste jornalista, com hífen após o prefixo.

      Quanto a «frentista», os dicionários ignoram esta acepção. Contudo, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (e o Houaiss não!) acolhe o vocábulo «frentismo»: «confluência de forças políticas com o fim de fazer oposição ao poder instituído e provocar mudanças».

 

[Texto 2917]