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Linguagista

Nomes de algas comestíveis

A terra, por atavismo

 

 

      Um artigo da Notícias Magazine de hoje vem revelar-nos quais as algas comestíveis mais comuns. Nori, kelp, kombu, wakame, hijiki, dulse... Não esperamos que estejam nos dicionários gerais da língua, sobretudo porque não têm designação portuguesa. Mas estão lá três com nome português: esparguete-do-mar, alface-do-mar e musgo-da-irlanda. Pois no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora só encontramos «alface-do-mar».

 

 [Texto 3015]

Léxico: «burundanga»

Bagatelas jornalísticas

 

 

      «Depois de estacionar o carro, a pessoa era abordada por um homem que, com um cartão de crédito na mãe [sic] e um papel com um telefone na outra, pede a essa pessoa que faça a ligação telefonica [sic] por ele. Poucos segundo [sic] depois, a pessoa começa a sentir-se dormente. Consegue fugir, vai ao hospital e o médico diz-lhe que teve muita sorte. Foi drogada com burundanga e que noutros casos pessoas foram encontradas mortas sem um órgão. A história é contada em vários países e não há sinais de que tenha sido real em algum deles. Esta é uma droga proveniente de uma flor. Tudo indica que o termo é afro-cubano e usado por feiticeiros para designar bebidas usados em rituais» («PSP tem equipas para ‘caçar’ mitos urbanos», Ana Maia, Diário de Notícias, 23.06.2013, p. 17).

      Quanto a mim, inverosímil é apenas o médico descobrir do que se tratava, mas está bem. Burundanga está em qualquer dicionário e significa «palavreado confuso; algaravia» (a descrição perfeita do texto acima); «mixórdia» e, no plural, «bagatelas». Na acepção de alcalóide, ainda não se encontra dicionarizado.

 

 [Texto 3014]

«Riviera Francesa»

É assim que recomendo

 

 

      «Uma paixão que nasceu quando [Hans Hass (1919-2013)] tinha 18 anos durante uma viagem à Riviera Francesa, depois de ter terminado o liceu. Foi nesta viagem que desistiu da carreira de advogado» («O último grande explorador da natureza do século XX», Diário de Notícias, 23.06.2013, p. 43).

      «É que o Estoril, gema no anel da Costa do Sol, disputa hoje primazias a qualquer estância da Riviera Francesa. Não lhe faltam balneários, bons hotéis, um bom Casino e um belo parque recamado de flores, campos de golfe e ténis, praias de fina areia, o macio regaço dum mar afável, e os bares, mirantes e terraços, salpicados de umbelas — tudo enfim que dá conforto a sibaritas exigentes» (Portugal, a Terra e o Homem, Jaime Cortesão. Lisboa: INCM, 1987, p. 203).

 

[Texto 3013]

Como escrevem os professores

Assim tão más?

 

 

      «Desde a crónica da semana passada, recebi por vias diversas algumas cartas de pessoas que se intitulam professores a insultar-me com toda a consideração. As minhas dúvidas sobre a real profissão dessa gente prendem-se com o domínio da língua portuguesa evidenciado nas ditas cartas, manifestamente incompatível com a sabedoria de quem, nos dias em que não faz greve, assegura a prodigiosa educação das crianças deste país» («Ordem, mentiras e progresso», Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 23.06.2013, p. 55).

 

[Texto 3012]

«Prujedicar»!

O exagerado Alberto

 

      «“O comportamento do investimento é muito preocupante sendo no entanto que o investimento no primeiro trimestre deste ano é adversamente influenciado pelas condições meteorológicas nos primeiros três meses do ano que ‘prujedicaram’ a actividade da construção.”

      O conteúdo desta afirmação recente do ministro das Finanças causou farta indignação e galhofa. Infelizmente, a forma passou incólume. Nem falo da sintaxe atabalhoada e das redundâncias. Mas o recurso ao misterioso verbo “prujedicar” mexe comigo. O verbo está longe de ser uma especificidade de Vítor Gaspar: pelo menos no radioso universo televisivo a coisa tornou-se, ignoro desde quando ou porquê, omnipresente. O clima “prujedica”, as políticas “prujedicam”, as greves “prujedicam”, a austeridade “prujedica”. Tudo isto perante a indiferença geral e, o que é um bocadinho pior, a participação geral no disparate. Governantes, oposicionistas, romancistas, jornalistas, académicos e personalidades diversas convergem no acto de “prujedicar” o léxico sem piedade» («Ordem, mentiras e progresso», Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 23.06.2013, p. 55).


[Texto 3011]