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Linguagista

Ortografia: «Leucipo»

Desacentua

 

 

     Será Lêucipo ou Leucipo? João Perez Montenegro, na sua obra O Classicismo Greco-Latino no Episódio da «Ilha dos Amores» (Lisboa: Sociedade Industrial de Tipografia, 1936, p. 112), grafou Lêucipo. Rebelo Gonçalves, no seu Vocabulário da Língua Portuguesa (p. 604), regista Leucipo, lição seguida pela Infopédia.

 

[Texto 3046]

Porcos e procos

Antológica

 

 

      «L’Ulisse di Omero», escreveu Umberto Eco, «uccide i proci: un solo senso, due lettori, quello che gode della vendetta di Ulisse e quello che gode dell’arte omerica, nessuna ironia citazionista.» Na 1.ª edição da tradução, estava certo: «O Ulisses de Homero mata os procos, etc.» Passado o texto pelo digitalizador, os eruditos (demasiado, mas Eco fala de crítica literária) procos transformam-se em prosaicos porcos, que Ulisses mata. E o revisor (ou operador de máquinas?) não desconfia, claro, até porque na obra Circe transformou os companheiros de Ulisses em porcos.

      O que no dicionário de italiano é acrescento, no dicionário de português devia fazer parte da definição: «per anton. spec. al pl. Ciascuno dei pretendenti di Penelope durante l’assenza di Ulisse».

 

[Texto 3045]

«Rectificar/ratificar»

Era o ano de 2013

 

 

      À saída da audiência em que Vale e Azevedo foi condenado a dez anos de prisão efectiva, disse a sua advogada, Luísa Cruz: «Este julgamento violou uma convenção internacional, e que foi feito violando a Convenção [Europeia] de Extradição, que Portugal rectificou, portanto, é evidente que vou pôr em causa.»

      Dantes, só os jornalistas caíam nestes erros crassíssimos. Agora até os advogados — os advogados! Rectificar é corrigir, emendar; ratificar é confirmar o que ficou dito ou escrito, validar, comprovar. Se não quiserem aprender comigo, aprendam com Camilo: «Era o anno de 1717. Deter-nos-hemos algumas paginas para rectificar erros de historia» (A Caveira da Mártir, Camilo Castelo Branco. Lisboa: Tavares Cardoso & Irmão, 1902, 2.ª ed., p. 73). «A ama percebeu-o, e abaixou os olhos em gesto de ratificar o que jurara. Não se demorou ao lado da mãe, que se espantou do porte glacial do filho» (O Demónio do Ouro, Camilo Castelo Branco. Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1970, p. 103).

      Nesta mesma notícia, que vi no Telejornal, a jornalista Lígia Veríssimo contribuiu para outra confusão já clássica: entre mandado e mandato.

 

[Texto 3044]