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Linguagista

O mundo da edição

Copiamos sempre o pior

 

      «Em Milão, 11 tradutores trabalharam sete dias por semana, até às oito da noite, num piso subterrâneo do edifício Mondadori, editora italiana. Todos os dias à entrada os tradutores entregavam os telemóveis e qualquer outro aparelho que lhes permitisse a comunicação com o exterior» («Tradutores de Inferno estiveram fechados para evitar fugas de informação», Catarina Moura, Público, 12.07.2013, p. 51).

      Já não chega a palavra dos tradutores, agora têm de ficar sequestrados. Mas cá já vão surgindo, aqui e ali, semelhantes comportamentos paranóicos, como, por exemplo, não facultarem a ninguém o PDF das obras com receio de pirataria. Puf...

 

[Texto 3077]

Exame de Português

As piores de sempre

 

      Mais de metade (38 785) dos alunos do 12.º ano (70 807) tiveram negativa no exame nacional de Português. Uma razia (sem metáfora). A média nacional foi de 8,9 valores, inferior à média do ano passado, que tinha sido a miséria de 9,5. A explicação (que também se transformará, a seu tempo, em desculpa) é que as perguntas de gramática deixaram de ser de escolha múltipla. A Latim também houve descida de nota. Dos pouco mais de cem alunos que fizeram a prova, 48 foram chumbados.

 

[Texto 3076]

Figuras: de estilo e outras

C’est de ta faute, Simone

 

 

      «Não podemos deixar, como dizia a Simone de Beauvoir, que os nossos carrascos nos criem maus costumes.» Já estamos habituados a estas desculpas: ah, a minha frase foi descontextualizada, ah é uma metáfora. Desta vez, diz que foi este recurso expressivo. «Mas foi mal entendida e está a ser muito criticada pela forma como se dirigiu aos manifestantes», contrapôs a repórter da RTP a Assunção Esteves. «Paciência!» E, supremo argumento, entre muitos risos: «não foi para os manifestantes, foi para os trabalhos do plenário» que se dirigiu. Outra figura de estilo.

      Só me teria surpreendido mais se a citação fosse em francês: «Comme dirait Simone de Beauvoir, nous ne devons pas laisser nos bourreaux nous donner de mauvaises habitudes.» Ou em alemão: «Mit den Worten Simone de Beauvoir’s gesagt, dürfen wir es nicht zulassen, dass uns unsere Henker schlechte Gewohnheiten anerziehen.»

 

 [Texto 3075]