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Linguagista

Um apóstrofo mal empregado

Aqui não há festa

 

 

      «Os discursos de Cavaco Silva à nação começam a ter uma certa lógica. Dividem-se em duas partes: antes do copo d’água (a.c) e depois do copo d’água (d.c.)» («a.C e d.C», Rui Tavares, Público, 22.07.2013, p. 40).

      Rui Tavares, adepto (e até parece mentira) da ortografia avariada do Acordo Ortográfico de 1990, usou neste caso um apóstrofo escusado, mas isso não explica o erro. À refeição oferecida nos casamentos ou baptizados ou outras ocasiões festivas é que se dá o nome (mas com hífen, sempre com hífen) copo-d’água.

 

  [Texto 3111]

Rei dos Belgas

Rei dos Belgas

 

 

      «Este papel de índole política do rei dos belgas — o seu título é mesmo rei dos belgas e não da Bélgica, para sublinhar que são os belgas e não o rei que detém a soberania — constitui, aliás, um dos primeiros alvos da N-VA [Nieuw-Vlaamse Alliantie, Aliança Neoflamenga, o maior partido flamengo] na próxima reforma do Estado» («Bélgica tem um novo rei com a missão de preservar a coesão nacional», Isabel Arriaga e Cunha, Público, 22.07.2013, p. 20).

      Extraordinária subtileza semântica... Contudo, o título do artigo é «Bélgica tem um novo rei». Não devia então ser «Belgas têm novo rei»?

 

  [Texto 3110] 

Já agora, «Adli Mansur»

Vendo de novo

 

 

      «Enquanto a Irmandade rejeitou a oferta de lugares no novo Governo, o plano de transição anunciado pelo Presidente interino, Adly Mansour, está a ser criticado pelas forças liberais e seculares que compõem a Frente de Salvação nacional (FSN), que esteve na origem do golpe de Estado de 3 de Julho» («Lançado mandado de detenção contra o guia da Irmandade Muçulmana», Jorge Almeida Fernandes, Público, 11.07.2013, p. 25).

      No dia 11, elogiei aqui o título por ter sido usada a palavra «guia» e não aquela que já sabemos. Mas agora reparo melhor: e aquele «lançado»? Não será uma forma canhestra de traduzir alguma palavra inglesa? E agora no próprio artigo. Até o jornalista mais distraído há-de saber que o nome do presidente (عدلي منصو) é transcrito. Em português, será da seguinte forma: Adli Mansur. Tudo o resto são lamentáveis concessões.

 

  [Texto 3109] 

«Furgão», uma acepção

Parece outra coisa

 

 

      «Trago», escreve o autor, «a minha bicicleta, que viajou no furgão do comboio e me foi entregue na estação impecavelmente protegida por tiras de cartão canelado. Sou alojado num complexo.» Não conhecia — ou estava esquecido, o que acaba por ser o mesmo — esta acepção de «furgão»: «carruagem coberta e fechada do caminho-de-ferro destinada a transporte de bagagens, ecomendas, etc.».

 

  [Texto 3108]