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Linguagista

Léxico: «acusmático»

E não é doença

 

 

      «O termo acusmático», lê-se num cartaz da Casa da Música que o leitor R. A. acabou de me mandar, «genericamente usado para definir sons cuja proveniência se desconhece, remonta ao filósofo e matemático grego Pitágoras, que enquanto dava aulas se escondia atrás de uma cortina negra para evitar que os seus gestos e movimentos distraíssem os alunos. Séculos mais tarde, a palavra “acusmático” passaria também a designar concertos onde se ouve música mas não há músicos.»

      Pitágoras falava atrás de uma cortina para que os seus discípulos não se distraíssem e se concentrassem somente no seu discurso. Era a estes discípulos que apenas o ouviam que se dava o nome de acusmáticos. Actualmente, diz também respeito a toda a música que se ouve, mas cuja fonte se desconhece — no fundo, a esmagadora maioria do que se ouve, pois ouve-se constantemente música e não temos músicos nem instrumentos à nossa frente. Ficava bem dizer agora alguma coisa sobre Pierre Schaeffer, mas tenho de deixar algum trabalho ao leitor, não é?

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista o termo, mas afirma que é o «que diz respeito a acusma» ou o «que padece de acusma». Acusma é, para este dicionário, a «alucinação auditiva em que se ouve[m] sons de vozes ou de instrumentos».

 

  [Texto 3130]

Léxico: «comedão»

Quem diria

 

 

      Há palavras que raramente vemos fora dos dicionários. Agora mesmo — e num livro infantil! — acabei de ver uma palavra que desconhecia e que se pode pensar que apenas se usa em manuais de dermatologia: comedão. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora diz que é a «pequena saliência com substância esbranquiçada com um ponto negro no meio, composta por secreções acumuladas numa glândula sebácea».

 

  [Texto 3129]

Ah, as aspas

Eles gostam

 

 

      O autor falava das «guerras “médicas” entre Gregos e Persas». Assim mesmo, com aspas, para o leitor não pensar (pois é para isso que as aspas servem...) que se tratava da pessoa que exerce medicina. Os pobres leitores têm lá meios de saber que o adjectivo é relativo à Média ou aos Medos.

    Parece que ainda nunca lhes passou pela cabeça, coitados, que o significado das palavras polissémicas é clarificado pelo respectivo contexto.

 

  [Texto 3128]

Em inglês é outra coisa

Só assim se percebe

 

 

    «Fervem as apostas. Na terça-feira, os bookmakers apostavam na absolvição [de Silvio Berlusconi]. Ontem, apostavam na condenação. A incógnita, com qualquer desfecho, é o “dia seguinte”» («Itália suspensa do “dia do juízo” de Silvio Berlusconi», Jorge Almeida Fernandes, Público, 1.08.2013, p. 25).

      Jorge Almeida Fernandes achou — e alguém concordou na redacção — que corretor de apostas seria demasiado difícil para a cabecinha dos pobres leitores do Público.

 

  [Texto 3127]

Léxico: «comportamentalista»

Raro, e sobretudo animal

 

 

    «“Desconfiamos que pode ter problemas de saúde. Depois, não excluímos o recurso a um comportamentalista animal e a uma especialista em recuperação de animais agressores. Mas estamos proibidos pelo tribunal de revelar detalhes sobre o seu estado” [diz Rita Silva, dirigente da Animal» («Cão que matou bebé sai do canil e passa a chamar-se Mandela», Ana Henriques, Público, 1.08.2013, p. 7).

 

  [Texto 3126]