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Linguagista

Sobre pontuação

O cru e o cozido

 

 

      A frase era semelhante a esta — até o nome do autor tinha também hífen. «Tal como ressalta Lévi-Strauss (1964, 48), “le savant n’est pas l’homme qui fournit les vraies réponses, c’est celui qui pose les vraies questions”.» Esperem, está aqui um recado para mim: «Aqui não deve haver vírgula.» Como disse? Tem a certeza disso que está a afirmar? Não, não: trata-se de uma oração subordinada conformativa. O local normal desta oração seria após o verbo da oração principal; como está invertida, é necessária a vírgula. Aliás, pela sua natureza adjunta, é sempre necessário estar entre vírgulas.

 

  [Texto 3304]

Tradução: «work through»

Só falta o verbo

 

 

      O original, uma obra de medicina, falava em «work through», que o Dicionário Inglês-Português da Porto Editora regista: trabalhar sem parar; influenciar, afectar; avançar (em); (problema, situação) lidar com, resolver». O tradutor, contudo, verteu por perlaborar. Work through é termo da psicologia: «to resolve (a problem, esp an emotional one), by thinking about it repeatedly and hence lessening its intensity either by gaining insight or by becoming bored by it». «Perlaborar», na verdade, não vejo em nenhum dicionário. Perlaboração está no Aulete: «Processo pelo qual o psicanalisando integra uma interpretação e supera as resistências que ela suscita; elaboração interpretativa.»

  

[Texto 3303]