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Linguagista

Plural de «cortesão»

Pois pode ser

 

 

      O P.e Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, entrevistado hoje pela Antena 1 a propósito das afirmações do Papa Francisco e a lepra que é a Cúria Romana, usou — e bem — o plural «cortesões». «Cortesão» tem dois plurais: «cortesãos», de longe o mais usado, e «cortesões». E até há substantivos com plurais triplos. No caso, poucas gramáticas indicam o duplo plural de «cortesão»; indicam apenas «cortesãos». Regular ou não, existe, é usado.

 

  [Texto 3346]

«Ao fim e ao cabo»

Confundem tudo (porra?)

 

 

      Ora aqui temos nós um grande escritor a escrever «ao fim ao cabo», castelhanismo (boa noite, Fernando) agora já irremediavelmente enraizado. Mas espera: não é «ao fim ao cabo», é ao fim e ao cabo. Tresleram Vasco Botelho de Amaral, que recomendava que em vez desta expressão se usassem outras equivalentes em português, como ao fim, ao cabo, finalmente, por fim... Mas tem graça.

 

  [Texto 3345]

«Mnemósine»

Pois com certeza, mas

 

 

     Está bem, queres mostrar cultura clássica, mas os acentos não são onde nos apraz. É Mnemósine ou Mnemósina. E para quê usares as duas formas com três linhas de intervalo?

 

  [Texto 3344]

«Idem, aspas»

Em toda a parte, pelo menos

 

 

      «Onde se levantasse arraial, era sabido, aparecia padre; onde cheirasse a desgraça idem, aspas. E assim é que devia ser porque a palavra de Deus tem de estar em toda a parte, pelo menos» (O Burro-em-Pé, José Cardoso Pires. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 3.ª ed., 2011, p. 65).

      É expressão que devia estar registada em todos os dicionários gerais da língua. Provavelmente, porém, não está em nenhum.

 

  [Texto 3342]

Léxico: «zunga»

E quando é preciso, não usam

 

 

      «Zunga é como se chama a venda ambulante em Angola. A ela se dedicam essencialmente mulheres, conhecidas como zungueiras. Muitas vivem na “pobreza extrema”» («Human Rights Watch denuncia violência policial em Angola contra vendedores de rua», Ana Dias Cordeiro, Público, 1.10.2013, p. 35).

      «Pobreza extrema» com pinças, para não nos comprometermos, cara Ana Dias Cordeiro? E «zunga» e «zungueiras», mais abaixo — que até estão no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora — em itálico.

 

  [Texto 3341]

«Comprar», uma acepção

Porque é impossível

 

 

      «Perante a acrescida notoriedade nacional que esta vitória trouxe a Rui Moreira, haverá já quem se pergunte se não estará destinado a outros desafios, que ultrapassem o âmbito do Porto. Mas nenhum dos amigos e apoiantes com quem o PÚBLICO falou compra essa tese, e os vários cargos que Moreira foi discretamente recusando, incluindo uma Secretaria de Estado oferecida por Durão Barroso, parecem corroborá-lo» («O burguês de boas contas e que gosta da cultura», Luís Miguel Queirós, Público, 1.10.2013, p. 10).

      Esta é acepção que falta, pelo que pude ver, em todos os dicionários publicados deste lado do Atlântico. Para o Aulete, é «aceitar ou acreditar em (história, desculpa, etc.)». Não há dicionários perfeitos, completos.

 

  [Texto 3340]