Tradução: «tussor»
Gosto e proveito
«Através da camisa de tussor, olhei o sítio onde espetara o alfinete: curiosidade despojada de toda a paixão; recordei-me sem qualquer cólera do que Ana escrevera: “Apoio a minha mão no sítio onde lhe bate o coração... o que ele chama a última carícia permitida...”» (Teresa Desqueyroux, François Mauriac. Tradução de Nataniel Costa. Lisboa: Estúdios Cor, 1955, p. 84).
O itálico indica bem que é um estrangeirismo, que o tradutor (e director da colecção) não quis ou não soube traduzir. (Está, efectivamente, a milhas da qualidade das traduções de Cabral do Nascimento, que lemos com outro gosto e proveito.) Agora vejam. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora está registado «tussor»: «Cabo Verde tecido fino, de seda natural». E na etimologia, «do francês tussor ou do inglês tussore, “idem”, do hindustâni tasar, “idem”». No entanto, no Dicionário de Francês-Português da mesma editora, sobre tussor lê-se: «(Índia) seda crua». Tudo isto merecia alguma harmonização.
[Texto 3357]