Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Tal se»

O nosso poeta

 

 

      «Quando falava, era pelo canto da boca, tal se esperasse que as palavras chegassem à senhora Mckisco por um circuito mais desimpedido e rápido» (Terna É a Noite, F. Scott Fitzgerald. Tradução de Cabral do Nascimento. Lisboa: Portugália Editora, 1966, 2.ª ed., p. 18).

      Cabral do Nascimento gosta — já o comprovei em várias traduções — desta construção: tal se...

 

  [Texto 3388]

Parece mentira: «Oxónia»

Depois de Lípsia...

 

 

      «— Escute… há tubarões fora da jangada. — Era de nacionalidade indefinida, mas falava inglês com o acento vagaroso e arrastado de Oxónia. — Ontem devoraram dois marinheiros ingleses, da esquadra do Golfo Juan» (Terna É a Noite, F. Scott Fitzgerald. Tradução de Cabral do Nascimento. Lisboa: Portugália Editora, 1966, 2.ª ed., p. 12).

 

  [Texto 3387]

Ortografia: «coeducação»

E já há muito

 

 

      «Uma poderosa campanha televisiva – Estão a matar o Colégio Militar! – relançou o tema da co-educação ou, pelo contrário, das escolas separadas por sexo» («A co-educação em questão», Maria Emília Brederode Santos, Público, 14.10.2013, p. 46).

      Há, continua a haver, certa ambiguidade e falta de sistematização das regras sobre esta matéria do uso do hífen, mas creio que em relação a «coeducação» não há dúvidas: é assim que se escreve. Cá está na página 265 do Vocabulário da Língua Portuguesa de Rebelo Gonçalves. A ortografia não é tudo, decerto, mas pelo menos eu esperava que uma pessoa que pertence ao Conselho Nacional de Educação, condecorada com a Ordem da Instrução Pública, escrevesse correctamente «coeducação».

 

  [Texto 3386]

«Chapa-branca»

É oficial

 

 

    «Para o escritor [Ruy Castro], “esta situação ameaça transformar o Brasil no paraíso da biografia “chapa-branca”, aquela que só é publicada mediante autorização prévia do próprio biografado ou dos seus familiares e representantes legais”» («Escritor Ruy Castro explicou em Frankfurt por que não quer que o Brasil seja o país da biografia “chapa-branca”», Isabel Coutinho, Público, 14.10.2013, p. 29).

    É o relativo ao governo ou a órgãos oficiais. Por extensão de sentido, «oficial». Deriva, parece, do uso de chapas de cor branca, reservadas no Brasil para as autoridades governamentais.

 

  [Texto 3385]

Lei Mosaica

Quem é judeu

 

 

      «A questão extravasa, na realidade, o âmbito científico, porque mexe com a própria identidade judaica. Acontece que, segundo a lei rabínica de Israel – ou Lei Mosaica –, é judeu (mesmo que pratique outra religião e mesmo que não o saiba) quem tem uma mãe judia» («Raízes maternas dos judeus da Europa Central são europeias, conclui estudo», Ana Gerschenfeld, Público, 14.10.2013, p. 27).

      Disso mesmo, numa nota marginal, lembrei ainda na passada semana um autor, que escrevia que certa personagem, cuja mãe era judia, era «meio judeu».

 

  [Texto 3384]

«Retratos-robôs»

Não devia

 

 

      «A Scotland Yard tem dois retratos-robôs de um homem que considera prioritário identificar no âmbito da investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann» («Polícia britânica com nova versão sobre o caso Maddie», Público, 14.10.2013, p. 7).

      É curioso — sem deixar de ser preocupante — ver que o Vocabulário Ortográfico Português não regista este plural, apenas «retratos-robô», na verdade mais usado.

 

  [Texto 3383]

«Pé», unidade

Que nós não temos tempo

 

 

      «Tudo recolhido, é preciso encher um contentor com o material. Um contentor com 40 pés, que transporta 32 toneladas, custa cerca de 3000 euros para chegar à Guiné-Bissau» («Cartazes das autárquicas com bilhete para a Guiné em formato solidário», Sara Dias Oliveira, Público, 14.10.2013, p. 12).

      Para os agentes de navegação, é coisa de todos os dias, não para o leitor comum do Público. O é uma unidade de comprimento do sistema inglês e americano equivalente a 30,480 cm. É fazer contas, como dizia o outro.

 

  [Texto 3382]