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Linguagista

«Capelo da chaminé»

Mais incoerências lexicográficas

 

 

      Não me recordo de alguma vez antes ter deparado com a expressão «capelo da chaminé». Vi-a agora mesmo numa tradução do inglês. Os tradutores podem não ter as coisas facilitadas, pois, se chimney hood consta no Dicionário de Português-Inglês da Porto Editora, não está, como devia, porque é onde mais falta faz, no Dicionário de Inglês-Português. E, incongruentemente, do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora também está ausente. É o nome que se dá ao remate superior da chaminé, construído para aproveitar as correntes de ar para uma melhor tiragem.

 

  [Texto 3448]

«Tratar-se de»

Leitura, pois

 

 

      «Quer se tratem de livros ou jornais em formato digital, a leitura em suportes electrónicos continua a ser uma prática individualizada, tal como acontece com a leitura em papel» («Na era da partilha online, a leitura continua a ser uma prática individual», João Pedro Pereira, Público, 28.10.2013, p. 27).

      Para falar da leitura, nada como atacar logo com um solecismo dos mais arrepiantes. Caro João Pedro Pereira, a construção tratar-se de é impessoal, pelo que apenas se conjuga na terceira pessoa do singular. Desconfio que não lhes ensinam isto no Cenjor nem nas faculdades.

 

  [Texto 3447]

Léxico: «carregador»

Último reduto

 

 

      «“Carregadouro”», lê-se no Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, sobre a gestão da floresta, «é o local destinado à concentração temporária de material lenhoso resultante da exploração florestal, com o objectivo de facilitar as operações de carregamento, nomeadamente a colocação do material lenhoso em veículos de transporte que o conduzirão às unidades de consumo e transporte para o utilizador final ou para parques de madeira.» Dos dicionários, porém, onde já esteve (assim como «descarregadouro»), desapareceu. Tiram-nos tudo, até as palavras.

 

  [Texto 3446]