Se é para bater, batedeira
«E via-se a si próprio como se debruçava sobre as batedeiras, para escolher uma; como fazia rolar a bola de um lado para o outro até tê-la bem ajeitada e lançá-la no momento preciso mesmo para o sítio onde queria que fosse cair; tão alto, para que o tempo de queda da bola correspondesse exactamente ao tempo que ele necessitava para pôr também a mão esquerda em volta do cabo da batedeira, brandi-la e atingir a bola com toda a força, para que voasse para muito longe, até para além da marca» (Bilhar às Nove e Meia, Heinrich Böll, tradução de João Carlos Beckert d’Assumpção. Lisboa: Editorial Aster, s/d [mas talvez de 1961], p. 48).
Em que se repara logo, logo? Que não são frases para leitores com deficiências cognitivas. E que mais? Que faz ali uma batedeira? Em todo o texto é isso que se lê, batedeira para aqui, batedeira para ali. Na página 53, porém, o tradutor distraiu-se ou consentiu em facilitar a vida ao leitor e saiu «taco». Claro que o tradutor devia usar sempre «taco», a haste com que se bate a bola em jogos como o golfe, o pólo, o hóquei, etc.; nem sei onde foi desencantar «batedeira» nesta acepção. Pode ter sido o termo que, provisoriamente, encontrou, com a intenção de mais tarde substituir por outro, e depois esqueceu-se.
«Und er sah sich selbst, wie er sich nach den Schlaghölzern bückte, um seins herauszusuchen; wie er den Ball in der linken Hand hin und her rollte, her und hin, bis er ihn griffig genug hatte, ihn im entscheidenden Augenblick genau dorthin zu werfen, wo er ihn haben wollte; so hoch, daß die Fallzeit des Balles genau der Zeit entsprach, die er brauchte, um umzugreifen, auch die linke Hand ums Holz zu legen, auszuholen und den Ball zu treffen, mit gesammelter Kraft, so, daß er weit fliegen würde, bis hinters Mal.»
[Texto 3487]