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Linguagista

Lojas «pop-up»!

Lojas temporárias

 

 

   «Aparecem nos espaços mais surpreendentes. Podem durar dias, semanas, meses [de um dia a seis meses]. Depois desaparecem. O conceito das lojas pop-up ganha cada vez mais adeptos em Portugal. As lojas temporárias suscitam a curiosidade do consumidor, dando à compra um carácter de urgência, e requerem um investimento baixo» («Lojas ‘pop-up’: tão depressa aparecem como já desapareceram», Joana Capucho, Diário de Notícias, 11.11.2013, p. 15).

 

  [Texto 3501]

Como se escreve nos jornais

Dizem que Fosgluten faz bem

 

 

      «Se olharmos para os vídeos mais populares em Portugal na totalidade do período analisado — um anúncio da Coca-Cola em parte filmado em Portugal, um vídeo tirado de um programa de [sic] SIC, outro anúncio, desta vez da Kia, um videoclip da cantora Miley Cyrus e um vídeo de um vendedor de bolas-de-berlim em Monte Gordo — vemos que o nosso país irmão no YouTube não é a Espanha nem o Brasil, mas sim a Suíça. [...] E há fenómenos difíceis de explicar, como o videoclipe do grupo ucraniano MMDance[,] que conseguiu seduzir grande parte da América Latina, o Egito, Indonésia e Filipinas e é ignorado pelo resto do mundo» («O que é que nós (e o resto do mundo) vemos no YouTube?», Patrícia Jesus, Diário de Notícias, 11.11.2013, p. 10).

 

  [Texto 3500]

Léxico: «descrispação»

Só políticos

 

 

      «“Deixem o TC decidir livremente. Acho que Barroso não facilitou o clima de descrispação”, asseverou o comentador político [Marcelo Rebelo de Sousa]» («“Barroso não facilitou clima de descrispação com o TC”...», P. S., Diário de Notícias, 11.11.2013, p. 10).

      Descrispação. Até custa a dizer. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora ignora-a. Quase toda a gente, aliás, mas já me tinha cruzado com ela: «A Mário Soares se deve precisamente a descrispação da vida política e um magistério constante de tolerância e de convivência» (Arte de Marear, Manuel Alegre. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2002, 2.ª ed., p. 171).

 

  [Texto 3499]

Léxico: «sezonismo»

Febre palustre

 

 

      «Em Portugal, os últimos casos de sezonismo, como diziam os mais antigos, aconteceram em meados do século XX» («Milagre: o telemóvel até já cura a malária», Leonídio Paulo Ferreira, Diário de Notícias, 11.11.2013, p. 7).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista-o, e não afirma que é antigo ou desusado. Este verbete, por sua vez, remete para «impaludismo», este sim, segundo o dicionário, «antiquado». Ou seja, se remete para um termo antiquado, é porque também é antiquado, é assim? Mas não o registam!

 

  [Texto 3498]

Como se escreve nos jornais

Assim se vê a força do AO

 

 

     «No Campo Pequeno, cuja praça era dominada por um painel gigante com a carismática figura de Álvaro Cunhal ao lado do título “Vida, pensamento e luta, exemplo que se projeta na atualidade e no futuro”, o evento começou com a banda Brigada Vítor Jara, seguindo-se duas canções interpretadas por Luísa Basto da “varanda presidencial” e que terminou com a famosa Avante, Camarada, A Internacional e A Portuguesa (hino português)» («PCP “pronto a assumir” governo e dar vida ao sonho de Cunhal», Manuel Carlos Freire, Diário de Notícias, 11.11.2013, p. 8).

    Só se mudou de nome, porque sempre foi Brigada Victor Jara. Ah, claro que a varanda precisava das aspas, é um elemento estrutural tão necessário como os pilares ou as paredes.

 

  [Texto 3497]

Com «tacto» mas sem cuidado

Estão com medo

 

 

      E daí... «Dois exemplos, ainda que de natureza diferente. O primeiro é a discussão mediática que se gerou com a entrevista de Margarida Rebelo Pinto a propósito da contestação à austeridade. Vivemos num país democrático em que qualquer um é livre de exprimir a sua opinião. E nós somos livres de discordar dela. Discordemos então, mas não amordacemos o mensageiro. Querem que vos diga o que penso? Foi um tremendo disparate e uma enorme falta de tacto» («O rastilho e a bomba», Nuno Azinheira, Diário de Notícias, 10.11.2013, p. 52).

      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, o que vemos é que «tacto» perde o c; o «Vocabulário de Mudança», do ILTEC, não diverge, e até acrescenta: «tacto não é usado em Portugal». Os antiacorditas, é claro, afirmam que é uma incoerência que «tacto» perdesse o c e «intacto» e «contacto» não. Incoerência? Nada disso. Ah, sim, também eu sou contra o Acordo Ortográfico de 1990.

 

  [Texto 3496]

Como escrevem os políticos

E mai’ nada

 

 

      «Num dos materiais de apelo ao voto dos militantes alfacinhas, Pedro Rodrigues dizia que “o PSD deve rejeitar a ideia de que as respostas à actual crise se encontram numa neutralidade axiológica vinculada à ortodoxia financeira ou à tecnocracia, num consenso vazio ou em compromisso sem solidez e substância”. A Vespa ficou estonteada com tanta substância e profundidade. Ufa...» («Um douto candidato à distrital de Lisboa», Diário de Notícias, 10.11.2013, p. 13). A Vespa e nós, ora essa. A palavra de ordem do candidato é «devolver o PSD às pessoas». A minha parte — eu sou altruísta — podem dá-la ao meu vizinho.

 

  [Texto 3495]

E o singular é?...

O mundo às avessas

 

 

      «“Sefiró” — remonta a Sefer Jezirah e significava “algarismo”. Na cabala, é o nome dado às emanações de Deus. Os sefirós são 10 e a cada um corresponde um nome divino» (O Livro das Maravilhas, Carlos Vale Ferraz. Lisboa: Editorial Notícias, 1999, p. 238).

     É a segunda vez, tanto quanto me lembro, que vejo esta palavra assim aportuguesada; habitualmente, é sefirot ou sephiroth — plural de sefira ou sephira — que se vê. Para o autor, porém, o singular é «sefiró». Se aportuguesamos, é claro que num vocábulo desta natureza o plural se faz por simples acrescentamento do s. Mas formar o singular com base no plural?

 

  [Texto 3494]