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Linguagista

Uma letra a mais

E é outra coisa

 

 

      «A história das centenas de cartas inéditas trocadas entre Camilo Castelo Branco e o amigo de infância, Carlos Ramiro Coutinho, visconde de Vouguela, agora publicadas em Camilo Íntimo (Clube do Autor, 378 págs.), é um enredo que exigiria deliberação a Calisto Elói Barbuda, o inocente morgado de província, corrompido pelos costumes da capital, no clássico A Queda de um Anjo» («As cartas perdidas de Camilo», Sílvia Souto Cunha, Visão, 1.11.2012, p. 110).

      Que diria neste caso o autor do tal blogue «político»? Talvez que a jornalista devia ter mais cuidado. É verdade que, mais à frente, é Ouguela — o correcto — que se lê, mas esta é a primeira ocorrência, e no leitor que desconheça de quem se trata fica a dúvida. E mais: terá tido Camilo apenas este amigo na infância? Bem, algo certo, para contrabalançar: «Este tesouro camiliano inédito faz, igualmente, um vívido retrato da sociedade da época, e das convulsões sociais e políticas; nomeadamente, a conspiração que levou Ouguela à prisão, que pretendia afastar os Braganças do poder e destituir D. Luiz I.»

 

  [Texto 3514]

Léxico: «betetista»

É só esperar

 

 

   «Mesmo assim, o livro [A Gloriosa Bicicleta, Laura Alves e Pedro Carvalho. Lisboa: Texto Editores, 2013] distingue autóctones, betetistas, carapaus de corrida, hipsters de roda fixa e salteadores urbanos» («Bicicletas. Tudo o que tem de saber para se fazer ao piso com estilo», Ana Tomás, i, 13.11.2013, p. 33).

     Para levar a sério, só o «betetista», que leio com frequência e ainda não chegou aos dicionários gerais da língua.

 

  [Texto 3513]

«Psicopatáveis»!

Eu sabia

 

 

      «Os pivôs de televisão e rádio estão no top 3 das profissões com personalidades mais psicopatas; pior, só mesmo os presidentes de empresas e os advogados. O autor do estudo é Kevin Dutton, um psicólogo, profissão que, curiosamente, não consta da lista de psicopatáveis» («O perfil alargado dos psicopatas», Rita Ramos, Telejornal, 12.11.2013). Mas vejam aqui o arzinho do investigador, «da prestigiada Universidade de Oxford».

 

  [Texto 3512]

Um «móvel» diferente

Trocamo-lo

 

 

      «Vai em anexo», escreveu-me ontem o leitor Rui Almeida, «um cartaz semelhante ao que vi na semana passada no metro e me fez pensar que poderia muito bem estar perante uma nova acepção da palavra “móvel”.» O cartaz é o que se viu recentemente em toda a cidade, nos mupis, e nos meios de comunicação: «Vem aí a ZON4i, a ZON com móvel ilimitado.» Estamos perante uma nova acepção de «móvel», sim. Fará falta? Talvez fizesse mais como adjectivo, pois o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista — parece mentira, eu sei — o adjectivo mobile: «que usa dispositivos ou serviços móveis». Quantas vezes não ouvimos e lemos já a expressão «segmento mobile»?

 

  [Texto 3511]