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Linguagista

O dicionário da Academia das Ciências

Não é o único a dizê-lo

 

 

      «O fenómeno começou com a adopção de programas sem pés nem cabeça e perfeitamente desajustados nos seus conteúdos literários (preteridos em favor de relatórios, de reportagens e de coisas assim...), prosseguiu com essa iniciativa infeliz que foi o dicionário da Academia das Ciências (que deveria ter sido retirado da circulação no próprio dia do seu lançamento), agravou-se com a monstruosidade da TLEBS (que confunde insensatamente a investigação universitária e científica da língua com o seu ensino no primário e no secundário) e oxalá não se tenha tornado irreversível com os professores formados na convergência letal dessas sinistras metodologias. Serão eles capazes de se adaptar aos novos programas em tempo útil?» («Ainda o ensino do Português», Vasco Graça Moura, Diário de Notícias, 20.1.2013, p. 54).

 

  [Texto 3558]

Léxico: «hipertimésia»

Que seca

 

 

      «A hipertimésia, descrita pela primeira vez em 2006, faz com que estas pessoas consigam lembrar-se de pormenores dos eventos de cada dia da sua vida desde que eram crianças, incluindo a data e o dia da semana em que aconteceram. “No que respeita a pormenores verificáveis, as pessoas com HSAM [memória autobiográfica altamente superior, na sigla em inglês] acertam 97% das vezes”, escrevem os cientistas. “Conseguem lembrar-se melhor do que aconteceu num dado dia, há dez anos, do que a maior parte [de nós] se lembra do que aconteceu há um mês.” («Nem com uma memória fora de série somos imunes às falsas memórias», Ana Gerschenfeld, Público, 20.11.2013, p. 35).

 

  [Texto 3557]

«Os Sousas»

Vejamos: 1 + 1?

 

 

       «Já Eddie Sousa e “Clarkie” Sousa, açorianos e operários têxteis de Fall River, Massachusetts, lá estiveram em 1950, alinhando pela vulgar seleção dos EUA. Em Belo Horizonte, eles jogaram contra a Inglaterra, a inventora do futebol. Pela primeira vez esta fazia o favor ao resto do mundo de ir a um Mundial. Três anos antes, o império britânico perdera a joia da coroa, a Índia, mas naquela tarde perdeu um mito mais fundo: a seleção dos Sousa operários deu-lhes 1-0» («Carta aos rapazes de logo à noite», Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 19.1.2013, p. 56).

 

  [Texto 3556]

«Campos Elísios»

O que é que se diz?

 

 

      «A polícia diz que o homem, que se estima ter uns 40 anos, terá sido o autor de disparos, horas mais tarde, contra a fachada de uma das duas torres do banco Societé Générale [sic] no distrito financeiro da capital, sem provocar vítimas, e que obrigou um condutor a levá-lo para a zona dos Campos Elíseos» («Caça ao homem em Paris para encontrar o “atirador louco”», Maria João Guimarães, Público, 19.11.2013, p. 24).

      Aprenda aqui com Albano Matos, do DN: «Ainda a polícia estabelecia comparações com o homem que disparara no átrio do Libération quando apareceu um automobilista a jurar ter sido sequestrado perto de La Défense por um homem armado que o obrigou a conduzi-lo até à Avenida George V, perto dos Campos Elísios» («Caça ao homem em Paris para apanhar invasor do ‘Libération’», Albano Matos, Diário de Notícias, 19.11.2013, p. 23).

 

  [Texto 3555]

«Distrito financeiro»?

Sempre do mesmo sítio

 

 

      «A polícia crê que terá sido a mesma pessoa — um homem branco com idade entre os 35 e 45 anos — que, após os disparos na recepção do Libération, se dirigiu para o distrito financeiro de Paris, em La Défense, e atirou contra a fachada de uma das duas torres do banco Societé Générale [sic]. Este indivíduo é também suspeito de, na sexta-feira, ter entrado na recepção da televisão BMF e, depois de tirar dois cartuchos da sua arma, deitando-os para o chão, ter ameaçado: “Para a próxima, não vou errar.”» («Polícia conhece o rosto do atirador de Paris», João Ruela Ribeiro, Público, 20.11.2013, p. 31).

      «Distrito financeiro»? Hum... Não temos esta acepção em português. E mesmo alguns dicionários de língua francesa atestam que se trata de anglicismo.

 

  [Texto 3554]

Tradução: «selfie»

Ora toma

 

 

      «Os auto-retratos existem quase desde sempre mas nunca estiveram tanto na moda como agora. Isto por causa da evolução da tecnologia, ou seja, do boom dos smartphones e, claro, das redes sociais. Afinal quem é que nunca tirou uma fotografia sua e partilhou no Facebook ou no Instagram? Ou quem é que nunca criticou quem tivesse feito isto? É que de uma maneira ou de outra, a moda veio para ficar e tem um nome: selfie, a palavra inglesa do ano 2013. [...] O próximo passo é incluí-la no Dicionário de Inglês de Oxford. Para já, tem apenas uma entrada no site OxfordDictionaries.com, com o significado formal: “uma fotografia que uma pessoa tira a si mesma, geralmente com um smartphone ou uma webcam e que depois descarrega numa rede social na Internet”» («De Rembrandt a Bieber, o auto-retrato agora é uma selfie e está na moda», Cláudia Carvalho, Público, 20.11.2013, p. 36).

   Nós somos muito, mas muito mais rápidos: já está no Dicionário de Inglês-Português da Porto Editora: «coloquial autofotografia».

 

  [Texto 3553]

Léxico: «meio-bilhete»

No título, a tal doença

 

 

      «Historicamente, sempre houve o meio-bilhete de criança no caminho-de-ferro em Portugal. O desconto de 50% para idosos é posterior ao 25 de Abril, inicialmente apenas para quem adquirisse um “cartão dourado” que custava 60 escudos (30 cêntimos). O processo foi simplificado e basta agora que o passageiro se identifique como tendo mais de 60 anos» («CP vendeu 6,5 milhões de “meios-bilhetes” a crianças e a idosos», Carlos Cipriano, Público, 18.11.2013, p. 10).

 

  [Texto 3552]