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Linguagista

«Reverenda»

Pois claro

 

 

      «O exemplar leiloado pertencia à Old South Church de Boston, uma congregação que remonta a 1669 — Benjamin Franklin recebeu o baptismo nesta igreja — e que chegou a possuir cinco dos 11 exemplares existentes do chamado “Bay Psalm Book”. Um deles está hoje na Biblioteca do Congresso, outro na Universidade de Yale, em New Haven, e um terceiro na Universidade Brown, em Providence. O quarto mantém-se na Old South Church, que conservava ainda dois exemplares. Mesmo assim, a reverenda Nancy Taylor, que dirige actualmente a igreja e tomou a decisão de vender o livro de salmos, foi duramente criticada por vários fiéis» («Primeiro livro impresso nos EUA vendido por dez milhões de euros», Luís Miguel Queirós, Público, 28.11.2013, p. 31).

 

  [Texto 3602]

Sobre «hemistíquio»

Alguém sabe?

 

 

      Creio que nunca tinha visto o conceito de hemistíquio em relação a metade de um versículo bíblico. Mesmo os dicionários referem-se apenas a metade de um verso alexandrino ou, por extensão de sentido, a cada uma das duas partes de qualquer verso dividido pela cesura. Contudo, em francês, segundo o Trésor, aqui ao lado, por extensão de sentido também é o «élément de six syllabes quelconques, soit dans un décasyllabe césure 4//6, soit dans une période en prose».

 

  [Texto 3601]

Léxico: «arilo»

Andou lá perto

 

 

     A repórter da RTP Ana Sofia Rodrigues entrevistou ontem para o Portugal em Directo dois produtores de romã do Algarve. Um deles, José Gamboa, demonstrou (!) como se faz sumo de romã (não aconselho, é um pouco amargo) e ia dizendo: «Ela é cortada como se fosse uma laranja e espremida como se fosse uma laranja. Os grãos, que têm o nome próprio de ariscos, são completamente esmagados.» Não chamam, não senhor. Mas quente, quente: arilo. A parte comestível da romã (só 50 % do peso do fruto) é composto por 80 % de arilo, que é a parte carnuda, vermelha, e por 20 % de semente, que é a parte lenhosa.

 

  [Texto 3600]

Ortografia: «homem-forte»

Assim mesmo

 

 

      «Agora, a filha de 29 anos do magnata Silvio Berlusconi é a ponta de lança no afastamento do CEO e vice-presidente dos rossoneri, 40 anos mais velho e homem-forte do antigo primeiro-ministro e magnata italiano durante a ascensão do clube milanês ao topo europeu» («Berlusconi entrega Milan nas mãos da filha Barbara», Sérgio Pires, Diário de Notícias, 11.11.2013, p. 37).

      Em 2010, terminava desta forma um texto no Assim Mesmo: «E justifica-se o hífen neste caso? Não configura um sentido diferente da simples adjunção dos vocábulos “homem” e “forte”? Como entre “braço-direito” e “braço direito”. Está aí a resposta.» Chegou a hora: por sugestão minha, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhe agora o vócabulo composto homem-forte: «indivíduo que detém poder real e desempenha uma função de topo no meio em que se move».

 

  [Texto 3599]

Ortografia: «livre-arbítrio»

E talvez não

 

 

     «Grande parte da sua base social de apoio indignou-se e aqueles que procuraram manter uma atitude compreensiva recorreram ao argumento da necessidade. Uma tal opção não poderia ser o resultado do exercício autónomo do livre arbítrio de um governante socialista, mas sim a consequência inelutável de uma posição exterior à sua própria vontade. Só um contexto de profunda fragilidade política poderia justificar uma tal abjuração de natureza programática» («Portugal precisa de uma alternativa séria e rigorosa», Francisco Assis, Público, 28.11.2013, p. 50).

      É muito comum ver-se mal grafado o vocábulo «livre-arbítrio», mesmo em obras revistas. Contudo, Francisco Assis, licenciado em Filosofia e professor, há-de ter lido a palavra mais vezes do que muitos de nós. Está nos dicionários, embora não seja sem alguma surpresa que confirmo não estar registada no Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves.

 

  [Texto 3598]

«Badamecos do MEC»

É assim que se fala?

 

 

      «Esta prova [prova de avaliação de conhecimentos e capacidades], depois de se conhecer a matriz divulgada, deixou de ser apenas uma iniquidade para também passar a ter de se considerar uma idiotice chapada. Percebe-se que Grancho precise de um qualquer argumento para justificar a tal coisa a que dá o nome de ordem, que é reclamada pela sua associação; percebe-se que o funcionário das finanças que dirige o MEC necessite de um argumento para afastar mais professores do emprego, afastando- os da própria profissão. Mas o que também toda a gente percebe é que os docentes que estão devidamente habilitados científica e profissionalmente, que são avaliados anualmente, que obtêm menções de Bom e superior, que veem renovados os seus contratos por reconhecimento da qualidade do seu trabalho, não têm de provar nada aos badamecos do MEC, ou seja a quem for» («Professores provam todos os dias o que valem!», Mário Nogueira, Público, 28.11.2013, p. 51).

 

  [Texto 3597]