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Linguagista

«Carne maturada»

Carne tocada

 

 

      «Ainda na secção dedicada aos que não têm medo, encontramos [no Bistro 100 Maneiras, no Largo da Trindade, 9, Lisboa] um bife tártaro de acém maturado (e agora que em Portugal se começou a falar tanto em carne maturada e ela aparece, felizmente, em alguns restaurantes e talhos, este é um prato que pode ser interessante para quem queira iniciar-se de forma... radical). A terceira proposta são tripas à moda de Lisboa com risotto de lima» («Ljubomir veio e trouxe o Outono», Alexandra Prado Coelho, «2»/Público, 8.12.2013, p. 12).

     Para mim, é a primeira vez. No Jornal de Negócios, Edgardo Pacheco explica-nos «O que é isso da carne maturada». «Para quem tenha dúvidas sobre o que é a carne maturada, explicamos numa linha: é carne de animais com boa idade, com alguma gordura e que descansou no mínimo 21 dias após o abate. O processo é natural, o sabor muito mais intenso.» Faz lembrar — ou é o mesmo? — a carne afaisonada (obrigado, Cândido de Figueiredo), ou faisandée, ou seja, em começo de decomposição.

 

  [Texto 3647] 

«Por truta-e-meia»!

Olha este

 

 

      «Será inevitável os jovens estarem condenados à emigração?» Era a pergunta para a emissão de hoje do programa Antena Aberta, na Antena 1. Às tantas, um jovem de 30 anos, possivelmente destes que afirmam que pertencem à geração mais qualificada, sai-se com esta: «[...] Não é vendermos por truta-e-meia o nosso trabalho; não é com política de chicote para os trabalhadores que se vai repercutir-se [sic] na produtividade.» É uma desgraça reveladora de muito, mas atenção: não é pior do que «bramir o estandarte». A pergunta agora é: quando chegará a secretário de Estado?

 

 

  [Texto 3646]

«Os Bothas»

E são os mesmos

 

 

      «[José Carlos] Vasconcelos recordou ainda que a recepção à comitiva dos Botha ocorria na sequência da atitude das autoridades regionais de “desrespeitar ostensivamente o luto nacional pela morte do Presidente Samora Machel, um amigo de Portugal, decretado pelo Governo da República”. “Duas semanas depois, inacreditavelmente, [Jardim] recebia de braços abertos o Presidente de um regime universalmente condenado pela violação dos direitos humanos”» («“Mandela, Mandela”, gritou Mário Viegas na recepção oficial aos Botha na Madeira», Tolentino de Nóbrega, Público, 10.12.2013, p. 23).

      Um Botha, dois Botha... Um jornalista, dois jornalista... É assim, caro Tolentino de Nóbrega? Só é pena não poder registar a patente, pois já outros colegas seus fazem o mesmo há anos.

      «Tinha o Mais-Velho na casa que agora só tem o governador do Bastião e vinham políticos do Mundo Livre, incluindo os Bothas máximos do apartheid sul-africano, aplaudir e apoiar a luta contra o comunismo em África» (Baía dos Tigres, Pedro Rosa Mendes. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2011, 8.ª ed., p. 356).

 

  [Texto 3645]