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Linguagista

«Dois ‘rottweiler’»!

Comecemos pelo mais simples

 

 

      «Artur Sousa explica que o cão fugiu do jardim de uma casa quando a empregada abriu o portão. Dois rottweiler, uma fêmea açaimada e um macho sem qualquer sistema de contenção, fugiram disparados para a rua e o macho atacou a menina. [...] GNR foi chamada ao local, tendo identificado a proprietária da casa e a empregada. Foram ainda fiscalizados os documentos dos dois rottweiler, que se encontravam em ordem» («Rottweiler fere criança de dois anos com gravidade», Mariana Oliveira, Público, 17.12.2013, p. 13).

      Dificuldades com o plural, cara Mariana Oliveira? Experimente juntar um s. Costuma funcionar.

 

  [Texto 3683] 

Léxico: «asfalteiro»

Nada que não se possa resolver

 

 

   «O presidente da Empordef assumiu ontem a possibilidade de a construção dos dois navios asfalteiros para a Venezuela pela empresa que ganhou a subconcessão das infra-estruturas em Viana do Castelo vir a ser encarada com menor severidade pela Direcção-Geral da Concorrência (DGC) da Comissão Europeia» («Empordef à espera que Europa feche os olhos no negócio dos asfalteiros», Nuno Sá Lourenço, Público, 17.12.2013, p. 4). Asfalteiro. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora desconhece-o.

 

  [Texto 3682]

Léxico: «cacharamba»

Foi nas mudanças

 

 

      «Sum Pontes também teve sérios problemas há alguns meses. A causa, diz Pontes, foi ter tomado uma cacharamba – uma espécie de aguardente [em São Tomé e Príncipe] – que não prestava. “Senti-me mal, tive de ir para o hospital”, conta. “O intestino provocava o fígado”, explica» («Curandeiros», Ricardo Garcia, Público, 17.12.2013, p. 27).

   Espécie de aguardente de cana, sim, e não apenas em São Tomé e Príncipe. Contudo, o dicionário de Cândido de Figueiredo regista o que parece um sentido derivado, «o mesmo que bebedeira», acepção que os modernos dicionários, com as mudanças, perderam. Em qualquer das acepções, não precisa do itálico.

 

  [Texto 3681]

O que se escreve por aí

Sem graça

 

 

    «É preciso ser-me [sic] mesmo muito mau ministro para, numa discussão com Mário Nogueira, perder a razão para Mário Nogueira. Mas foi precisamente isso que Nuno “Implosão” Crato conseguiu com esta prova moralmente injusta — porque atinge apenas os mais fracos — e politicamente idiota — porque humilha os professores sem necessidade. Deus nos livre, pois, dos iluminados, que, por acharem que sabem perfeitamente para onde vão, fecham os olhos a todas as injustiças que lhes aparecem pelo caminho» («O chumbo de Nuno Crato», João Miguel Tavares, Público, 17.12.2013, p. 52).

    Que afirmação tão estúpida, tão sectária, tão deselegante, caro João Miguel Tavares. A merecer uma vigorosa bengalada.

 

  [Texto 3680]

Léxico: «barruço»

Mais um resgatado

 

 

    Como leio aqui que a alguém foi enfiado na cabeça um «elegante garruço de feltro vermelho», está na hora de falar de uma variante que nunca antes tinha visto, que é barruço. Foi o leitor Rui Almeida que a encontrou na página 105 da obra Animalescos, de Gonçalo M. Tavares (Lisboa: Relógio D’Água, 2013): «[...] e por isso há muitos que escondem a cabeça debaixo de um barruço que lhes tapa as orelhas e parte dos olhos». É um regionalismo que, entretanto, por sugestão minha, já está registado no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.

 

  [Texto 3679]