Não pode
«Por outro lado, a sua vida fora dos palcos e dos sets pede meças à riqueza e complexidade das personagens que interpretou. Ainda agora, quando morreu, os jornais britânicos dividiam a sua atenção, quase irmamente, entre a obra e as muitas particularidades da sua vida pessoal» («Peter O’Toole (1932-2013). Um homem das Arábias», Luís Miguel Oliveira, Público, 20.12.2013, p. 36).
Um jornalista tem obrigação de saber que se escreve irmãmente. Não pode ignorar que os vocábulos terminados em -ã transmitem esta representação do a nasal aos advérbios em -mente que deles se formem: cristãmente, irmãmente, louçãmente, temporãmente, sãmente, vãmente. Não são excepções a nenhuma regra, nada disso. É assim porque o til é apenas um sinal indicador da nasalidade da vogal, pelo que não pode ser confundido com os acentos gráficos.
Quanto ao título do artigo, embora seja uma alusão ao título do famoso filme Lawrence da Arábia, é preciso dizer que, a significar homem extravagante, arrojado, façanhudo, o que parece que Peter O’Toole também era na sua vida pessoal, se escreve homem das arábias. Exactamente, com minúscula.
[Texto 3691]