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Linguagista

«Esotérico/exotérico»

Nada de misterioso

 

 

      Se no original está «ésotérique», não podemos traduzir por «exotérico». É absurdo. Esotérico e exotérico são termos correlativos, mas nada há que nos leve a tomar um pelo outro. Foram, de início, aplicados nos antigos mistérios gregos aos que eram iniciados, esotéricos, e aos que o não eram, exotéricos.

 

  [Texto 3728]

«Mundo da finança»

Se bem me lembro

 

 

   Trabalhava «no mundo das finanças». «Dans la finance», lê-se no original. Não está habitualmente no singular, «finança», também no português? «E viriam a ser eles os donos do novo mundo da finança se uma rabanada de raiva popular não lhes limpasse o sebo» (A Imensa Boca dessa Angústia e Outras Histórias, Urbano Tavares Rodrigues. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2013, p. 119).

 

  [Texto 3727]

Uma malga com aspas

Teve sorte, a pingadeira

 

 

      «Nas freguesias do antigo Couto de Tibães, em Braga, existem várias tradições associadas à variedade de macieira porta-da-loja, das quais se destaca a natalícia que consiste no seu consumo na noite de consoada. O fruto é assado no borralho ou numa pingadeira e depois introduzido numa “malga” com vinho verde tinto e açúcar, sendo imediatamente consumido. Tradicionalmente, a porta-da-loja é muito apreciada para consumo em fresco, assada e em tartes. Consumida em fresco liga muito bem com um copinho de vinho verde branco» («Porta-da-loja: uma árvore no quintal, frutos à mesa no Natal», J. Raul Rodrigues, «Fugas»/Público, 28.12.2013, p. 31).

      A «pingadeira» não precisou de aspas, mas a «malga» sem elas ficava desasada, não é?

 

  [Texto 3726] 

Léxico: «porta-da-loja»

Esta é do Minho

 

 

  «Porta-da-loja é uma variedade regional de macieira do Minho, associada às tradições natalícias, pelo elevado poder de conservação que possui. Que bom será colher as maçãs no nosso jardim ou quintal e saboreá-las com a família na noite mais longa do ano. A porta-da-loja é uma variedade de distinto paladar, aroma e consistência e, ao mesmo tempo, dotada de uma grande capacidade de conservação mesmo fora das câmaras frigoríficas. Trata-se de uma maçã rústica, com frutos de cor básica amarela, mas muito manchados de vermelho, sabor acídulo, polpa amarela de consistência firme» («Porta-da-loja: uma árvore no quintal, frutos à mesa no Natal», J. Raul Rodrigues, «Fugas»/Público, 28.12.2013, p. 31).

      «Tirando da malinha duas maçãs, a mulher ofereceu-me uma. — Coma. São porta-da-loja. De tão espontâneo, o seu gesto era quase imperativo. A fruta vinha embrulhada em guardanapos e papel» (A Revolta das Palavras, Maria Ondina Braga. Lisboa: Bertrand Editora, 1975, p. 57).

 

  [Texto 3725]

O AO mal conhecido

Diz-lhe que é o Lince

 

 

      «[Albino Aroso] Percorreu o País para formar médicos, para falar com grupos de mulheres e explicar-lhes que eram donas da sua vida, que podiam controlar a sua fertilidade. Foram estas viagens, a dedicação a uma causa, que colocaram o País entre os cinco países do mundo com mais baixa taxa de mortalidade materno-infantil» («O médico que ensinou às mulheres o que é a contraceção», Ana Maia, Diário de Notícias, 27.12.2013, p. 13).

      Cara Ana Maia: não se esqueça que o Diário de Notícias adoptou as regras do Acordo Ortográfico de 1990. Se o primeiro elemento termina em vogal e o segundo elemento começa com vogal diferente, não se usa o hífen: autoestrada, agroindustrial, maternoinfantil, etc.

 

  [Texto 3724]

Somos mesmo bons

Uns inventores natos

 

 

      «Para o jornal americano [Wall Street Journal], a admiração por este robô de cozinha é tal que nos levou a inventar verbos (bimbar) e expressões (bimbólicos). Sem esquecer a sua utilização na política: quando a deputada do Bloco de Esquerda Cecília Honório comparou Paulo Portas “a uma espécie de Bimby governante”, para se referir às muitas funções governativas que este já teve» («Portugueses preferem Bimby a iPads e aos Xutos & Pontapés», Anabela Ferreira, Diário de Notícias, 27.12.2013, p. 16).

 

  [Texto 3723]

«Insígnias»?

Mal traduzida?

 

 

    «O grupo Kingfisher é dono de outras quatro insígnias (B&Q, Castorama, Screwfix e Koctas) e tem vendas de cerca de 10.600 milhões de euros (no ano fiscal que terminou a 2 de Fevereiro de 2013). Mais de 40% das vendas são feitas no Reino Unido e na Irlanda, onde a empresa tem um total de 662 lojas Screwfix e B&Q e emprega mais de 25 mil trabalhadores. O segundo maior mercado é França, que contribuiu com 39% para o negócio do grupo, com as lojas Castorama (105 unidades) e a Brico Dépôt (107 unidades)» («Maior cadeia europeia de bricolagem entra em Portugal no próximo ano», Ana Rute Silva e Luís Villalobos, Público, 28.12.2013, p. 19).

      Será a palavra certa, «insígnias»? Duvido. Talvez «subsidiária» — que, acabo de ver, é substantivo que falta no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora — seja a palavra certa.

 

  [Texto 3722]