Ortografia: «fio dental»
Mesmo sem hífen, não cai
«Toda a menina do Rio, seja homem, seja mulher, patricinha de Ipanema ou morena de Bangu, trabalha para ter um bumbum à dura altura da expectativa. O cartão-postal do Rio de Janeiro é um bumbum aos pés do Cristo, idealmente fio-dental. O Cristo nem pisca, nem fecha os braços. Mas experimenta a menina botar um peito de fora: vem a polícia» («O corpo é a cara do Rio», Alexandra Lucas Coelho, «2»/Público, 29.12.2013, p. 31).
«Toda a menina do Rio, seja homem, seja mulher»?! Desisto, nem quero perceber. E «fio dental» precisará mesmo de hífen? O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista-o sem hífen. E a mesmíssima Alexandra Lucas Coelho escreveu-o sem hífen vai fazer dois anos agora em Janeiro: «E apesar de as autoridades terem proibido os postais com as mulatas de fio dental, o Rio-da-Copa-e-das-Olimpíadas continua a ser o postal do corpo que samba, do corpo no calçadão, da garota de Ipanema e do Leãozinho, corpo aberto no espaço. Então em que ficamos? [...] Sim, o Rio é esta aldeia. A Oi Futuro não foi pudica, foi provinciana. Não era o fundo, é a forma. Fio dental sim, topless não. Fio dental sim, calção no Municipal não. Fio dental sim, Nan Goldin não» («Fio dental sim, Nan Goldin não», Alexandra Lucas Coelho, «2»/Público, 7.01.2012, p. 8).
[Texto 3740]